
Nos últimos quatro meses, equipes que monitoram a harpia Katumbayá (Mãe da Mata em pataxó) perceberam que ela voava distancias menores, limitadas a um raio de dois quilômetros dentro do Parque Nacional do Pau Brasil, no sul da Bahia. Antes, usava toda a extensão do parque e ia até além dos limites dele. Era o indício de que o gavião-real fêmea reintroduzido na natureza havia encontrado um par e estava construindo um ninho.
A notícia foi confirmada durante uma expedição que contou com a presença da coordenadora do projeto Harpia na Mata Atlântica, a bióloga Tânia Sanaiotti. Depois de uma semana dentro da mata, a equipe viu e fotografou, em uma forquilha no alto de um embiruçu (Bombax humile), das das mais altas da região, o ninho do casal de harpias em construção.
“É a primeira vez que se tem notícia de uma harpia reintroduzida se reproduzindo”, afirma bióloga do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). “Para nós, que tenta evitar que animais feridos sejam levados aos zoológicos, isto mostra que devolvê-los para a natureza é um bom caminho”, completa.
A construção do ninho não significa que a harpia vá colocar ovos. Mas a expectativa é grande. De acordo com Tânia Sanaiotti, a fêmea pode botar um ovo entre os meses de junho e julho, cinco meses após o início da construção do ninho. “O casal a um dia na árvore do ninho, vocalizando muito. Depois, am vários dias voando pelo entorno, mas ainda não foi registrada cópula”, relatou a pesquisadora.
Katagumbayá foi solta no Parque Nacional do Pau Brasil em maio de 2008, com equipamento especial para ser monitorada via satélite. A equipe agora faz um monitoramento especial para acompanhar a construção do ninho.
Tristeza
O grupo localizou também a carcaça da harpia Pajahyeru (Pássaro Livre, em pataxó), que havia sido devolvida à natureza em agosto do ano ado e também era monitorada via satélite. A causa da morte ainda pode ser confirmada, mas um exame nos restos com Raio X sugere a presença de um projetil. A bala não foi localizada nos vestígios. O processo de reabilitação e soltura de Pahahyery levou mais de um ano.
O Projeto Harpia na Mata Atlântica é patrocinado pela Veracel Celulose S.A. e desenvolvido de forma integrada pelos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (Inpa), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Associação Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves de Rapina (Abfpar), SOS Falconiformes, Crax e RPPN Estação Veracel.
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Reportagem – Harpias baianas
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