Reportagens

Geração de energia solar bate recorde na Alemanha p6i57

As usinas alemãs produziram 22 Giga Watts por dois dias seguidos. No último sábado esse total atendeu à metade das necessidades do país.

Guardian Environment Network ·
1 de junho de 2012 · 13 anos atrás
The Guardian Environment Network
Artigos da rede que reúne os melhores sites ambientais do mundo, selecionados pelo diário inglês The Guardian.
Casas alemãs recobertas de painéis solars, na região da Bavária. (foto: Johnathan Eric)
Casas alemãs recobertas de painéis solars, na região da Bavária. (foto: Johnathan Eric)

As usinas solares alemãs produziram um recorde mundial de 22 gigawatts de eletricidade – equivalente a 20 usinas nucleares funcionando a toda capacidade – durante o período próximo ao meio-dia na última sexta e sábado, 25 e 26 de maio. A afirmação é do diretor de um instituto de pesquisas sobre energia renovável.

O governo alemão decidiu abandonar a produção de energia nuclear após o desastre de Fukushima no ano ado, fechando 8 usinas de imediato e com planos de fechar as 9 restantes até 2022. Elas serão substituídas por fontes de energia renováveis tais como vento, solar e de biomassa.

Norbert Allnoch, diretor do Instituto das Indústrias de Energia Renovável de Muenster, disse que os 22 gigawatts que alimentaram o grid, no último sábado, ficaram próximos de suprir 50% da energia demandada no meio do dia. “Nunca antes, em qualquer lugar, um país produziu tanta eletricidade fotovoltaica”, contou à agência Reuters. “A Alemanha chegou perto da marca de 20 gigawatts algumas vezes nas últimas semanas, mas foi a primeira vez que a ultraamos”.

A quantidade recorde de energia solar mostra que uma das nações líderes em produção industrial foi capaz de produzir um terço de suas necessidades de eletricidade em um dia de semana, a sexta, e quase metade no sábado, quando as fábricas e escritórios estão fechados.
Normas governamentais que apoiam às renováveis ajudaram a Alemanha a se tornar um dos líderes mundiais no setor e o país consegue, através dessas fontes, produzir por ano cerca de 20% da eletricidade que usa.

A capacidade de geração solar instalada na Alemanha é quase igual a que o resto do mundo todo possui em conjunto. A solar produz o suficiente para 4% do consumo anual de energia elétrica local. Até 2020, o objetivo é cortar em 40% as emissões de gases do efeito estufa, comparadas àquelas de 1990.

Há críticos que duvidam da confiança que se pode colocar nas energias renováveis e da capacidade que tenham de prover as principais nações industriais. Mas a líder do país, Angela Merkel, disse que a Alemanha está ávida para mostrar que isto é possível.

O salto acima do nível de 20 gigawatts foi resultado do aumento de capacidade e do sol brilhando por todo o território alemão. A cifra de 22 gigawatts é bem maior do que os 14 gigawatts do ano ado. A Alemanha adicionou 7,5 gigawatts de capacidade para 2012 e, no primeiro trimestre, outros 1,8 gigawatts somando um total de 26 gigawatts disponíveis.

“Isso mostra que a Alemanha é capaz de atender a um bom pedaço das suas necessidades de eletricidade através da energia solar”, disse Allnoch. “Também mostra que a Alemanha pode funcionar com menos usinas que utilizam carvão, gás e energia nuclear”. Allnoch afirmou que os dados vieram da Bolsa de Energia Europeia (European Energy Exchange), baseada em Leipzig.

Entretanto, os incentivos resultantes das tarifas feed-in (que subsidiam as renováveis) impostas pelo governo são controversos. Esse tipo de tarifa é o maior estímulo à indústria até que o preço da fotovoltaica caia a níveis similares aos cobrados pela produção de energia convencional.

As distribuidoras de eletricidade e grupos de consumidores reclamam que as tarifas feed-in para a energia solar adicionam cerca de 2 centavos de euro por quilowatt/hora ao preços de eletricidade alemão, já entre os maiores do mundo, que acaba chegando aos consumidores por 23 centavos por quilowatt/hora. Os consumidores do país pagam em torno de 4 bilhões de euros por ano a mais nas suas contas de eletricidade para usar energia solar, de acordo com um relatório de 2012 do ministério do meio ambiente alemão.

Os críticos também se queixam da instabilidade causada pelo crescimento da energia solar, devido à flutuação da sua produção. O governo de centro-direita liderado por Merkel tem se esforçado para acelerar os cortes nas tarifas Feed-in, as quais têm sido reduzidas entre 15% e 30% por ano.

*Publicado através da parceria de ((o))eco com a Guardian Environment Network (veja a versão original). Tradução de Eduardo Pegurier

  • Guardian Environment Network 5d1u4m

Leia também 84q8

Reportagens
27 de maio de 2025

Ajustes em trilha podem melhorar sua função de corredor ecológico no Cerrado 3w201a

Desenho estratégico de 'rodovias verdes' colabora ainda mais para conservar espécies animais e de plantas, mostra estudo

Notícias
27 de maio de 2025

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 3o3249

Incidência de animais da espécie, invasores nas águas do País, pode chegar a 60% das unidades de conservação marinhas até 2034

Colunas
27 de maio de 2025

Cientistas negras viram a Maré: protagonismo e resistência na ecologia, evolução e ciências marinhas 1l5y71

No litoral pernambucano, mulheres negras das áreas de ecologia, evolução e ciências marinhas se reuniram para afirmar seus saberes, romper o isolamento acadêmico e construir um novo horizonte para a ciência com justiça, afeto e pertencimento

Mais de ((o))eco 6q6w3q

The Guardian Environment Network 593o53

Reportagens

Risco de extinção não impede chef de pagar $118 mil por um atum-rabilho 3k122n

Reportagens

Tecnologia de satélite ajuda a combater pesca ilegal 621e4g

Reportagens

Parques eólicos terrestres já produzem a eletricidade mais barata do Reino Unido 5a2n2c

Reportagens

Pode haver água em Marte, mas será que existe vida inteligente na Terra? 3m1q46

clima e energia 4k2q1l

Notícias

Não cabe ao MMA definir o caminho da política energética brasileira, diz Marina Silva 1v3u43

Colunas

Nordeste Brasileiro: A Região esquecida no centro do debate climático 2p1x33

Colunas

Os desafios da diplomacia climática em 2025 3r3y3h

Reportagens

Congresso aprova marco da eólica offshore com incentivo ao carvão   6m6n3w

cidades 67414d

Notícias

Jardim de Alah, no Rio, terá manifestação neste sábado contra corte de árvores 182q3l

Reportagens

Crise global, soluções locais 46ir

Reportagens

A urgência da adaptação climática 5234

Reportagens

(in)justiça ambiental, para além de um conceito  4e631j

oceanos 5b3867

Reportagens

O quão pouco já vimos das profundezas do mar 6e6p51

Salada Verde

APA Baleia Franca sob ataque: sociedade protesta contra tentativa de redução 4k2y6n

Notícias

Projeto quer reduzir APA da Baleia-Franca, em Santa Catarina v3z5v

Salada Verde

Trilha Transcarioca terá trecho oceânico até arquipélago das Cagarras 5a36r

Deixe uma respostaCancelar resposta 4wh1i

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Comentários 1 2p2l4m

  1. Que notícia linda. E o Brasil, com vastos territórios que recebem sol durante praticamente todo o ano, não investe pra valer na energia solar.