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Morcegos são mamíferos estigmatizados pelas pessoas e que ainda necessitam de muito estudo nas diversas áreas do conhecimento. De hábitos variados, ainda há diversas lacunas em relação ao comportamento, tamanhos populacionais, status de conservação e mesmo confusão com relação às espécies e sua distribuição no Brasil.
Em geral, para as populações urbanas e, mesmo rurais, “morcego bom – é morcego morto”. Não importa quão extraordinário seja seu papel ecológico ou sanitário. Uma forma de chamar a atenção para estes “mamíferos feios” é quando surge uma raridade ou anormalidade em seu comportamento ou nas suas características.
“Morcegos são animais feios, pretos e que gostam da noite” – Mulher 34 anos; “São bichos fedorentos que não me deixam dormir” – Homem 41 anos; “São muito pequenos, escuros e comem os insetos que me incomodam” – jovem de 12 anos. A partir desses comentários, verificamos que a popularidade não é o forte deles para adultos, sendo mais respeitados pelas crianças e adolescentes.
Assim, quando surge um fato novo, os quiropterólogos ou morcególogos utilizam desse recurso para torná-los mais conhecidos. Um fato desses ocorreu em janeiro de 2010, em Porto Alegre. Parte da equipe multidisciplinar do “Programa de Monitoramento de Quirópteros do Rio Grande do Sul”, formada pela bióloga Dra. Susi Pacheco, do Instituto Sauver, e Aline Brasil e Soraya Ribeiro da SMAM, descobriram nesta cidade morcegos da espécie Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) com leucismo em uma colônia com mais de 6 mil indivíduos.
O leucismo, assim como o albinismo, é um evento genético incomum em populações silvestres de mamíferos, causada pela mutação de genes que produzem a melanina. No albinismo, a perda de pigmentação pode ser total, quando os pelos e a pele são brancos e os olhos são avermelhados ou rosados, ou, parcial, na qual a pele é rosada e os pelos são brancos, mas parte do corpo, como orelhas, cauda e olhos permanecem com a coloração normal do animal. Às vezes, parte do corpo de um animal é branca e outra escura/normal. Especificamente para quirópteros no RS, há casos de albinismo total em Molossus molossus (Santa Vitória do Palmar) e albinismo parcial em Nyctinomops laticaudatus (Vale do Sol).
No leucismo, a perda de melanina é parcial e as espécies afetadas apresentam apenas os pelos ou outras estruturas dérmicas brancas ou acinzentadas. A pele, olhos e membros permanecem normais. Há casos de leucismo em tigres, leões e aves, registrados em todo o mundo, e inclusive no RS, em quero-quero (Vanellus chilensis). Agora, mais recentemente, em morcegos da espécie Tadarida brasiliensis. O leucismo é o evento semelhante ao melanismo – no caso, o animal é todo escuro/negro (caso da onça negra). Tanto no albinismo parcial como no leucismo a chance é 1 em 20 mil indivíduos.
Mais informações sobre mamíferos albinos no RS na bibliografia abaixo:
Cademartori, C.V. & Pacheco, S.M. 1999. Registro de albinismo em Delomys dorsalis (Hensel, 1872) (Cricetidae, Sigmodontinae). Biociencias, 71(1): 195-197.
Geiger, D.; Pacheco, S. M. 2006. Registro de albinismo parcial em Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy, 1805) (Chiroptera: Molossidae) no sul do Brasil. Chiroptera Neotropical, Planaltina, 12 (1): 250-254.
Oliveira, S.V. 2009. Albinismo parcial em Cutia Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823) (Rodentia, Dasyproctidae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Biotemas, 22(4): 243-246.
Veiga, L.A. & Oliveira, A.T.D. 1995. A case of true albinism in the bat Molossus molossus, Pallas (Chiroptera, Molossidaae) in Santa Vitoria do Palmar, Rio Grande do Sul, Brazil. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 38(3):879-881.
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