Colunas

Novo rumo 1e2i1o

A revista Economist começa a se redimir no assunto mudança climática. Novo relatório defende medidas mitigatórias, como um seguro para evitar as conseqüências mais catastróficas.

21 de setembro de 2006 · 19 anos atrás
  • Flávia Velloso e João Teixeira da Costa 6b2x6v

  • Flávia Velloso f5e13

  • João Teixeira da Costa 2g4m49

Qualquer discussão sobre aquecimento global e a revista Economist tem que começar pela figura de Bjorn Lomborg . Este cientista político dinamarquês tonrou-se notório depois da publicação, em 2001, do livro O ambientalista cético e da enorme controvérsia que ele criou. Em 2001 a revista deu a Lomborg espaço para expor suas idéias, coisa que não acontece todo dia. E em 2004 apoiou a conferência que Lomborg organizou e chamou de “Consenso de Copenhague”. Essa conferência, que continua gerando discussões acaloradas até hoje, tinha o objetivo declarado de estabelecer prioridades entre os diversos males que afligem os países em desenvolvimento.Por uma razão ou por outra, mudança climática ficou no fim da lista.

Essa associação com Lomborg não chega a comprometer a integridade da revista, mas indica uma certa orientação, uma certa tendência a descontar alguns dos alertas mais ásperos de cientistas e ambientalistas. Nada disso teria o menor interesse não fosse a tremenda influência da Economist, principalmente pela qualidade das suas análises. Daí o interesse quando a revista publica um relatório sobre mudança climática – que, apesar de citar Lomborg como fonte, ite logo de saída que o problema da mudança climática provocada pela ação humana tem conseqüências potenciais tão graves que medidas mitigatórias fazem sentido, mesmo diante das persistentes incertezas científicas.

O levantamento da revista é um resumo competente dos aspectos mais importantes do assunto – reconhecidamente complexo – da mudança climática. Discute o que os cientistas sabem sobre o assunto, mas também fala das incertezas, tanto com relação ao funcionamento do sistema climático, quanto com relação à amplitude das mudanças que se anunciam. A parada da Corrente do Golfo, por exemplo, é uma possibilidade real, que levaria à uma alteração catastrófica do clima na Europa. Outra possibilidade bastante séria é a elevação do nível dos oceanos em função do degelo polar.

Também estão lá a controvérsia em torno do impacto da mudança climática sobre a atividade de furacões, e o seu impacto econômico, assim como os efeitos do aquecimento sobre a fauna e flora do planeta, com extinções e migrações.

Há ainda uma discussão dos custos da mudança climática, da adaptação e da mitigação dos seus efeitos – discussão bastante sofisticada mas pouco conclusiva, dadas a novidade do assunto, a incerteza reinante, e as limitações da análise de custo-benefício diante de problemas que atravessam fronteiras nacionais e que afetam várias gerações no futuro. A autora ite que diante dessas limitações o bom senso sugere que vale a pena tomar medidas mitigatórias. O seu custo não é tão alto, especialmente diante de algumas possibilidades catastróficas como o degelo dos polos, elevação do nível dos oecanos, e parada da Corrente do Golfo.

A próxima questão é como investir em mitigação da maneira mais eficiente e eficaz possível. A negociação de créditos de carbono é vista como a maior conquista do Protocolo de Kyoto, apontando para um futuro onde será necessário engajar países ricos e países em desenvolvimento no esforço para controlar emissões de gases do efeito estufa. A participação dos Estados Unidos nesse processo é chave e, de acordo com a Economist, nem tão improvável como parece à primeira vista. A pressão dos estados sobre o governo americano cresce, e se tivermos mais uma onda de calor ou temporada de furacões sem precedentes Washington terá que reagir. O mecanismo terá outro nome por razões políticas, mas o princípio será o mesmo.

E Bjorn Lomborg, por onde anda? Por aí – repetindo a sua ladainha de sempre em veículos de comunicação de grande prestígio. Será que alguém ainda o leva a sério?

Leia também 84q8

Reportagens
10 de junho de 2025

Licenciamento forte pode reduzir a perda de espécies e os prejuízos em negócios 3pe3g

Pelo contrário, afrouxar suas regras tende a aumentar a judicialização e alargar prazos e custos de empreendimentos

Colunas
10 de junho de 2025

Arte naturalista Demonte 4k217

“Conhecer é preservar”: o legado dos irmãos Demonte, reconhecidos pela precisão e beleza dos registros da biodiversidade brasileira, continua a nos encantar e inspirar

Alice Martins Morais, de ((o))eco, e Karyne Gomes, de O Povo+, ganhadoras do Prêmio de Jornalismo Digital Socioambiental. Foto: Gabi Falcão
Notícias
10 de junho de 2025

((o))eco é um dos ganhadores do Prêmio de Jornalismo Digital Socioambiental 2cwi

Com investigação sobre a Ilha do Marajó, reportagem de Alice Martins venceu na categoria “Melhor Reportagem Socioambiental” do prêmio da Ajor

Mais de ((o))eco 6q6w3q

política ambiental 6v2p2j

Salada Verde

Evento ambiental reúne diferentes vozes na Lapa 1x2n2k

Salada Verde

Na ONU, Lula pede por mais proteção aos oceanos para combater mudanças climáticas 51528

Colunas

Cientistas pedem urgência em ações para salvar oceanos 5k5z2b

Salada Verde

Em pronunciamento, Marina Silva sai em defesa do Licenciamento Ambiental 32i1x

fauna 1xr1c

Reportagens

Depois de mais de 200 anos, araras ganham uma nova chance no Rio de Janeiro 356f6j

Notícias

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 3o3249

Colunas

Cientistas negras viram a Maré: protagonismo e resistência na ecologia, evolução e ciências marinhas 1l5y71

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção 3y45o

ibama 606926

Notícias

Ibama vai receber R$ 825,7 milhões do Fundo Amazônia para combate ao desmatamento 1h48d

Reportagens

Superlotação de animais e más condições geram nova crise no Cetas-RJ 1v428

Salada Verde

Boiada e seus donos devem sair de áreas que destruíram no Pantanal h1y5h

Salada Verde

Assassinato de onça-pintada será investigado pela fiscalização federal 3l4w5s

clima e energia 4k2q1l

Notícias

Não cabe ao MMA definir o caminho da política energética brasileira, diz Marina Silva 1v3u43

Colunas

Nordeste Brasileiro: A Região esquecida no centro do debate climático 2p1x33

Colunas

Os desafios da diplomacia climática em 2025 3r3y3h

Reportagens

Congresso aprova marco da eólica offshore com incentivo ao carvão   6m6n3w

Deixe uma respostaCancelar resposta 4wh1i

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.