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Baixando o nível do debate 4k3u5c

O Ibmec, escola de negócios em São Paulo, contribui negativamente com debate sobre mudanças climáticas ao realizar um evento apenas com os céticos sobre a crise ambiental.

28 de março de 2008 · 17 anos atrás
  • Flávia Velloso e João Teixeira da Costa 6b2x6v

  • João Teixeira da Costa 2g4m49

Graças a uma iniciativa do IBMEC São Paulo a discussão sobre mudança climática no Brasil promete mudar de patamar. Infelizmente, tudo indica que a mudança será para um patamar inferior.

O IBMEC — e um tal Centro de Liderança Pública, desconhecido do Google — estão convidando para um seminário internacional intitulado “Aquecimento global: o dilema político e econômico”, na segunda-feira 31 de março em São Paulo. A grande atração do evento será a presença dos senhores Patrick Michaels e Bjorn Lomborg, autores de “best sellers” sobre ambientalismo e mudança climática.

Os dois têm currículos respeitáveis. Lomborg ficou conhecido anos atrás quando lançou o livro “O ambientalista cético” (2001). Ele se apresentava então como uma pessoa interessada nos problemas do meio ambiente, mas que resolveu investigar por conta própria as afirmações freqüentemente alarmistas dos ecologistas e que acabou descobrindo que as coisas não estavam tão mal assim.

A primeira vista o livro de Lomborg parece bastante respeitável. É um volume imponente e traz ao final o aparato que se espera de uma boa obra de divulgação científica, com notas e referências bibliográficas. O livro, no entanto, foi severamente criticado por cientistas altamente respeitados, gente do quilate de um E. O. Wilson ou de um Thomas Lovejoy.

Mas nem por isso Lomborg deixou de se tornar uma espécie de porta-voz daqueles que preferem acreditar que a crise ambiental é um mito. Em 2004 ele organizou o “Consenso de Copenhague”, um seminário internacional cujo objetivo era afirmar que há outros problemas humanitários mais prementes do que a mudança climática. E em 2007 ele lançou mais um livro: “Cool It: The Skeptical Environmentalist’s Guide to Global Warming”. Ele vem sendo acusado mais uma vez de usar resultados de pesquisa científica de maneira seletiva, induzindo seus leitores a conclusões erradas (Salon). Lomborg insiste em dizer, entre outras coisas, que só devemos combater a mudança climática depois de resolver os problemas da fome e das doenças, como se fosse necessário escolher uma coisa ou outra.

Patrick Michaels, por sua vez, é doutor em climatologia ecológica e até 2007 era professor da universidade de Virginia, uma respeitada instituição americana. Michaels é conhecido como um dos assim-chamados céticos do aquecimento global. Até muito recentemente, a imprensa americana dava ao tema um tratamento “fla-flu”: praticamente todas as matérias sobre o assunto traziam algum contraponto ao consenso cada vez mais firme da comunidade científica de que (1) o clima da terra está mudando (2) esta mudança é causada pelo homem e (3) teremos conseqüências terríveis se nada for feito. O jogo mudou depois da publicação do mais recente relatório do IPCC em 2007, mas por anos Michaels e outros “céticos”, financiados pelas indústrias do petróleo e do carvão, criaram confusão e contribuíram para fazer dos Estados Unidos um dos mais eficazes freios contra qualquer avanço no tema.

Não é preciso acreditar em teorias conspiratórias para perceber que os chamados céticos sabem muito bem como o consenso científico é formado e como as descobertas científicas são transmitidas pela imprensa para o público geral. Esses processos são imperfeitos. A comunidade científica precisa estar sempre aberta aos contestadores das verdades estabelecidas, pois sem eles não haveria progresso; não é à toa que Galileu é uma das personalidades mais importantes da história da ciência. Os chamados céticos posam de cavaleiros solitários, lutando contra um implacável “establishment” que, movido por interesses escusos, se recusa a dar-lhes a razão.

A imprensa, por sua vez, lida com limitações fundamentais. Os jornalistas científicos não conhecem a fundo os temas com os quais trabalham. O resultado é que os jornalistas não devem e não podem dizer o que é ciência boa e o que não é. Essa responsabilidade cabe aos cientistas, que geralmente estão mais interessados em suas pesquisas e muitas vezes relutam em falar com a imprensa. O resultado é que gente como Michaels consegue uma notoriedade que não merece. Essa notoriedade, por outro lado, torna fácil a tarefa de descobrir quem ele é e para quem trabalha. É só pesquisar um pouquinho.

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