Mas não basta capturar, é preciso ter rigorosos critérios de trabalho. E ontem os pesquisadores tomaram uma postura visando exclusivamente a segurança do bicho. Como mostrei no primeiro blog, o entorno da Esec está em chamas; confesso que sempre que ouço o tilintar de árvores pegando fogo me pergunto quando o homem se tornará realmente racional. Enfim, por conta de uma nuvem de fumaça que entristeceu os céus, Rogério e Fred decidiram desativar dois laços com grande potencial de captura, já que foram montados numa área com inúmeros sinais de que as onças a utilizava com freqüência: arranhados em árvores, cheiro, restos de animais comidos, etc. Mesmo assim, decidiu-se pela segurança dela, da pintada.
Desde ontem estamos checando 8 laços; os segundos que antecedem o momento de escutar o sinal do alarme do laço parecem se tornar uma eternidade…o vento pára, o rio deixa de correr. Tudo parece imergir no gesto de levantar a antena, olhar para o vazio e se concentrar no som.
Rogério, Selma e Daniel aproveitam para começar o trabalho de telemetria; o radio-colar utilizado possui uma tecnologia de ponta, a começar pelo ‘drop-off’, sistema que permite que o colar abra automaticamente apos um tempo pré-determinado, assim a onça não fica o resto de sua vida com o colar. Alem disso, possui um GPS que guarda todas as informações possíveis sobre a vida do animal. Estas informações são captadas periodicamente pelos pesquisadores através de . Tais informações traduzem exatamente a vida do animal. Quais são as áreas utilizadas em grande e pequena escala, por onde e durante quanto tempo as onças permanecem, quais os períodos de maior atividade. É realmente fantástico e até mesmo paradoxal ver os pesquisadores em pleno Rio Paraguai, vestindo roupas surradas de campo, castigados pelo calor impiedoso da região (e as marcas avermelhadas deixadas na pele pelas malditas mutucas!), carregando computadores, cabos, gps e receptores digitais de telemetria. Tudo pela onça…
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Rogério Cunha instala o dispositivo de alarme, que avisa via sinal de radio, quando o laço foi desarmado.
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Rogério, Daniel e Selma iniciam o primeiro das informações do GPS do colar.
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Leia o relato do dia 3 da expedição
Leia o relato do dia 4 da expedição
Leia o relato do dia 6 da expedição
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