Zeka Araújo, carioca de Copacabana, 58 anos, é uma pessoa que tem vasta biografia, tanto fotográfica quanto pessoal.Começou a fotografar por acaso. Morava na então aprazível rua Rodrigo Otávio, na Gávea, onde os moradores se reuniam para jogar futebol. Zeca não era nenhum Mané Garrincha. Tinha outro ofício. Recebia a tarefa de registrar com uma Rolleiflex emprestada, as fotos do time.
Um dia, alguém da rua resolveu fundar um jornalzinho impresso em mimeógrafo, chamado de Rota 15. Zeka foi convidado para ser o editor de fotografia, tendo como parceiro de texto, outro vizinho, um tal de Paulo Coelho. O Rota 15 teve vida breve: cinco edições de dez exemplares. Mas conseguiu encaminhar Zeka para seu primeiro emprego como fotógrafo profissional no extinto Diário de Notícias, em 1965.
Três anos depois outro salto. Foi parar na revista O Cruzeiro, onde realmente teve a sua grande escola jornalística. Ficava semanas viajando pelo Brasil. As pautas eram ecléticas: índios, eatas, retratos em estúdio e o que mais viesse pela frente. Inclusive, muita gente achou que ele havia ido para outro planeta, pois Zeka fotografou ao vivo a chegada do homem à lua, diretamente de um monitor na Embratel, quando O Cruzeiro deu na capa a famosa foto do pé do astronauta em solo lunar com o crédito de José Araújo.
A mudança de nome ocorreu devido a chegada no Brasil de alguns fotógrafos estrangeiros, todos com nome chiques, Clauss Meyer e David Drew Zingg, entre outros. Comentaram com Zeka que com o nome de José Araújo não iria a lugar nenhum. Ficou Zeka, com “k”.
Zeka também foi o fotógrafo que registrou a imortal imagem do estudante Édson Luiz no caixão, carregado pelas ruas do centro da cidade, por apenas oito estudantes, que pararam o cortejo fúnebre para que ele registrasse o momento sob a iluminação dos faróis dos automóveis.Na década de 70 partiu para a Europa, onde era o único correspondente da Editora Abril. Ao voltar para o Brasil formou com um time de craques a lendária agência F4.
Nesse meio tempo, Zeka se cansou do tipo de matérias que fazia. Achou tudo muito rápido e descartável. Entrou em crise e começou a freqüentar o Jardim Botânico para repensar a vida. Algumas vezes, cruzava seu caminho com o de Tom Jobim, mas foi fazendo uma matéria sobre o maestro para a Revista de Domingo, do Jornal do Brasil, que ele teve a idéia de convidar Tom para, juntos, publicarem um livro sobre o Jardim Botânico.
Tom aceitou prontamente, e junto nasceu uma amizade. O maestro gostava de fazer bolinhos de feijão com farinha, que chamava de “capitão” para Zeka. Além de fugirem para longe dos olhos da família para tomar cachaça nos botequins do bairro.
Zeka começou a fotografar este livro há vinte anos. Retomou o projeto graças a Paulo Jobim, que achou novos escritos de pai e teve a iniciativa de fazer uma nova leitura do livro original.Na primeira fase, Zeka usou uma câmera 35mm. Para a nova seqüência, usou uma Coolpix. No meio do caminho mudou o seu olhar para a natureza, para o Jardim Botânico e principalmente para si mesmo.
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