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Bem-vindo ao seu país 2i652g

Projeto Unicom-Amazônia leva alunos de vários cursos da PUC-Rio para estágios de até quatro meses em Manaus. Eles são apresentados a um Brasil desconhecido.

Elza Albuquerque ·
26 de janeiro de 2006 · 19 anos atrás

Nada melhor do conhecer uma realidade completamente diferente para constatar que o Brasil não costuma olhar para si mesmo. Algumas iniciativas favorecem essa tomada de consciência. Uma delas é o Unicom-Amazônia.

Desdobramento do projeto Unicom (Universidade-Comunidade), a experiência nasceu em 2004, em um convênio firmado entre a Arquidiocese de Manaus e a PUC-Rio. O Unicom-Amazônia consiste em enviar estudantes universitários para Manaus, para que atuem junto a comunidades de diversos bairros que necessitam de algum tipo assistência.

O projeto chega à sua terceira edição, com um total de 22 participantes. São alunos de diversos cursos, como Engenharia Ambiental, Psicologia, Ciências Sociais, Direito, Comunicação e Letras, que ficam entre três e quatro meses trabalhando em Manaus.

“Nós do Sudeste temos um estereótipo formado sobre o Norte do país. Ainda mais quando se fala em Amazônia: vêm logo à mente mato e índio. Tivemos alguma preparação com o coordenador do projeto para começar a quebrar esses preconceitos e estereótipos antes de ir”, conta Luciana Janeiro, estudante de Psicologia e estagiária da segunda edição do projeto.

O período de preparação inclui diversas palestras sobre a região e assuntos como a importância do voluntariado e as experiências de estagiários que já aram pelo projeto. Mas as informações prévias nem sempre são suficientes. Felipe Araújo, estudante de Engenharia Ambiental, diz que levou um susto com o que encontrou. “Eu tinha ouvido falar pouco de Manaus. Não imaginava 1 milhão e 500 mil habitantes, numa área caótica de saneamento básico, habitação, direitos humanos, educação e saúde”, disse. Ele participou de um Diagnóstico Ambiental de Manaus feito pelo Centro de Direitos Humanos (CDH) da Arquidiocese local.

Amazônia fora do mapa

O Unicom-Amazônia tem convênio com o Exército Brasileiro, instituição muito presente na região Norte. “O povo amazonense tem um sentimento de patriotismo muito grande, mas sente-se esquecido e abandonado pelo resto do país. Como ‘o que os olhos não vêem o coração não sente’, a Amazônia está afastada dos centros de poder e do dia-a-dia do país. Só vejo preocupação com a Amazônia no Rio de Janeiro. Nunca soube de fóruns em outros lugares que tratassem dela”, diz o general Eduardo Dias da Costa Villas-Bôas, chefe do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia (CMA).

Entre os próprios moradores de Manaus, a conscientização ambiental está crescendo aos poucos. O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) faz um trabalho bastante importante para o mapeamento da questão ambiental e dos problemas mais críticos da população local. Um dos objetivos do IPAM é a colaboração na capacitação da sociedade civil para a implementação de formas sustentáveis de desenvolvimento.

“A imprensa como um todo costuma dar mais espaço para as coisas negativas, e no meio ambiente não seria diferente. Assuntos como desmatamento, queimadas, mortes e doenças têm mais facilidade de emplacar. Já iniciativas de desenvolvimento sustentável e de controle aos danos ambientais são mais difíceis. A Amazônia é vista como uma coisa de outro mundo, exótica e diferente. É preciso que os brasileiros conheçam não só a Amazônia brasileira, mas a Amazônia como um todo, que pertence a nove países”, diz Milena del Rio do Valle, jornalista e assessora de imprensa do IPAM.

A coordenação pedagógica do projeto é feita pela urbanista e arquiteta Ana Lúcia Nascentes da Silva Abrahim. Ela mora em Manaus e trabalha com os estagiários temas amazônicos, indicando fontes, contatos e instituições de pesquisa. Ana Lúcia acha que ainda é cedo para falar sobre os resultados do Unicom-Amazônia. Mas não tem dúvidas sobre a importância da iniciativa, que classifica como “promissora e corajosa”.

“O projeto muda a forma de entender os contextos das relações humanas. Quem participa pode perceber que o Brasil tem muitos contrastes. Isso mexe com a consciência e também com a valorização da vida. Eles se sentem artífices da mudança”, disse Luiz César Tardin, coordenador geral do Unicom-Amazônia.

* Elza Albuquerque é aluno do 5° período de Jornalismo da PUC-Rio.

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