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Polícia Ambiental resgata e prende caçadores perdidos no Pantanal 6r24i

Policiais se preocuparam em garantir a integridade física dos 3 homens, mas não deixaram de dar a voz de prisão, assim que restabelecidos.

Fábio Pellegrini ·
18 de fevereiro de 2015 · 10 anos atrás

Familiares estavam desesperados, caçadores não aguentavam caminhar. Foto: PMA/MS
Familiares estavam desesperados, caçadores não aguentavam caminhar. Foto: PMA/MS

Campo Grande (MS) – Três homens que se perderam durante uma caçada entre a planície pantaneira e a Serra da Bodoquena foram resgatados por uma equipe da Polícia Militar Ambiental (PMA). O fato inusitado ocorreu no fim do mês de janeiro, em área remota de mata fechada a cerca de 60 km do município de Miranda, em Mato Grosso do Sul.

Segundo o tenente Anderson Abrão Elias, comandante da PMA de Miranda, os policiais foram procurados pela esposa de um dos homens, que já havia registrado o desaparecimento deles na delegacia de Polícia Civil. Ela disse que o marido e os companheiros haviam saído para caçar no dia 27 e não haviam retornado.

No dia seguinte à saída do trio (28), os familiares se desesperaram e mobilizaram amigos e parentes para saírem em busca deles nas proximidades da área de reserva permanente da fazenda em que um deles trabalha. Os familiares chegaram a utilizar fogos de artifício na tentativa de chamar a atenção do trio perdido. Porém, como os caçadores se embrenharam em uma área de grotas e furnas, os estouros ecoavam e os confundiam ainda mais.

Para piorar, a chuva forte, as pegadas e esturros de onças-pintadas, comuns naquela região da borda da Serra da Bodoquena, além dos temíveis queixadas, apavoraram os caçadores, que chegaram a desmanchar munições na tentativa de fazer fogo para se aquecerem e se protegerem de ataques dos animais. Sem êxito, acabaram tendo de ar duas noites em copas de árvores.

Ao receberem o chamado de socorro da esposa de um dos caçadores, os policiais iniciaram as buscas conforme indicação dela. Ao chegarem na fazenda, no dia 29, encontraram grupos de familiares e amigos e uma guarnição do Corpo de Bombeiros.

Foto: PMA/MS
Foto: PMA/MS

O tenente Anderson conta que quando a PMA foi chamada, os caçadores já estavam desaparecidos há 50 horas. “Foi um dos momentos mais marcantes de nossas vidas. Chegamos lá e havia peões de fazendas próximas, familiares chorando, bombeiros. Então pedimos para que se unissem e deixassem a gente realizar a incursão na mata, pois esses voluntários também poderiam se perder em busca do trio”.

A região não é nada convidativa para humanos: há perigo de ataques de abelhas, o terreno é acidentado e em declive, com pedras soltas na serra, e há a temível presença de animais ferozes. “Normalmente nessas situações procuramos picadas abertas, galhos cortados, batidas (pegadas). Até que, após exaustivas horas, após caminhar cerca de 9 km, os encontramos. Eles estavam muito debilitados, desorientados, assustados, desidratados, com bolhas nos pés, não conseguiam caminhar, os lábios deles estavam ressecados por tentarem beber água da roupa torcida”, relata o policial.

“Conseguimos levá-los ao encontro dos familiares, ocasionando o reencontro que muito nos emocionou. Em seguida os levamos ao pronto-socorro da cidade e após hidratação e alimentação, foram encaminhados à delegacia para os procedimentos previstos em lei”, continua ele.

Segundo informações da PMA, um deles, capataz da fazenda onde ocorreu o fato, tem 54 anos; outro tem 20 anos, e o terceiro tem 26 anos. Esses últimos trabalhavam em uma fazenda vizinha, distante 15 km do local de onde praticavam a caça.

Depois de restabelecidos, os três confessaram a prática da caça predatória. Os policiais encontraram duas espingardas calibre 36 e uma calibre 22, além de duas facas e três cartuchos deflagrados, que estavam escondidos e foram apreendidos.

Armas apreendidas não tinham porte e foram encaminhadas à Polícia Civil. Foto: PMA/MS
Armas apreendidas não tinham porte e foram encaminhadas à Polícia Civil. Foto: PMA/MS

Os infratores relataram ainda aos policiais ambientais que não haviam conseguido abater nenhum animal silvestre, mas que haviam perseguido um cateto, um queixada e atiraram em um porco monteiro, mas sem sucesso. Ao longo do período de desorientação, os homens se alimentaram de brotos de bacuris e tomando água (suor) absorvida pelos trajes.

Por fim, os policiais ambientais deram voz de prisão aos caçadores confessos, “sendo devidamente cientificados dos seus direitos constitucionais”, conforme o policial.

Os três foram então conduzidos juntamente com as armas e os cartuchos deflagrados à delegacia de Miranda, onde foram autuados em flagrante por caça predatória (artigo 29, Lei de Crimes Ambientais) e por porte ilegal de armas. Segundo a PMA, se condenados, poderão pegar de dois a quatro anos de reclusão pelo porte ilegal de armas e mais de seis meses a um ano de detenção pelo crime ambiental. Os infratores ainda receberam multa individual correspondente a R$ 1.500,00. Pagaram e agora respondem ao processo em liberdade.

 

 

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  • Fábio Pellegrini 49183

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