Destinar mais recursos e ações efetivas para enfrentar a crise do clima e respeitar os direitos das populações indígenas e tradicionais estão entre os dez temas priorizados na 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, realizada semana ada, em Brasília (DF).
O item que mais recebeu votos sugere que, em face da emergência do clima, ao menos 5% dos orçamentos da União, dos estados e municípios sirvam para executar a Política Nacional do Meio Ambiente, sobretudo em gestão, fiscalização, restauração florestal e educação ambiental.
Os demais pontos apontam ao reforço de outras políticas e medidas climáticas, à criação de um programa de direitos animais e de um sistema de brigadas populares contra incêndios, à taxação de grandes fortunas para financiar políticas ambientais e ao reforço de comitês de bacias hidrográficas.
Ao todo, foram 104 temas destacados entre mais de 2,6 mil propostas debatidas nos três dias de evento, do qual participaram representantes de todo o país. As contribuições poderão ajudar a implantar políticas socioambientais.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, comentou que as propostas são fruto de um exercício democrático e que servirão de referência para definir e implantar políticas e ações, de federais a municipais, da sociedade civil e do empresariado.
“O que não foi priorizado não vai ser encostado”, garantiu. “Vamos ter de fazer o manejo sustentável dessa riqueza de propostas que vieram, não apenas na dimensão ambiental, mas na dimensão política, cultural, econômica e social”, completou a ministra.
A 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente foi realizada após quase 12 anos desde a última edição, em outubro de 2013. O tema maior do encontro deste ano foi “Emergência Climática e o Desafio da Transformação Ecológica”. A primeira delas aconteceu em 2003.

Na cerimônia final da conferência, na última sexta-feira (9), também foram apresentadas quase cem moções com posicionamentos dos participantes sobre determinadas questões fora das propostas priorizadas. Os temas foram dos mais variados.
A lista tem participação social na avaliação do programa de áreas protegidas, proibir a queima de lixo, protesto contra o marco temporal para demarcar terras indígenas, desmatamento zero, críticas à exploração de petróleo na Margem Equatorial e à instalação de termelétricas.
Um dos textos pediu que a Agência Nacional de Águas (ANA) voltasse ao guarda-chuva do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Responsável pela gestão nacional dos recursos hídricos, a agência foi vinculada em 2019 ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR).
Confira aqui os documentos finais da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente.
Leia também 84q8

MMA prepara a retomada da participação social na Conabio 6aw5x
No processo de reconstrução da agenda da biodiversidade, colegiado será recomposto por um novo decreto previsto para ser assinado em 22 de maio (Dia Mundial da Biodiversidade) →

Democracia da água acontece com a participação da sociedade civil, diz autor da Epopeia do Saneamento 415t5f
Pesquisador da água, Márcio Santa Rosa comenta desafios para a universalização do saneamento. Livro recém publicado percorre história do saneamento no Brasil e no mundo →

Método com coparticipação de moradores é eficaz em políticas de combate a riscos de desastres ambientais 341m3b
Pesquisa mostra que a mobilização de cidadãos em áreas vulneráveis a enchentes e inundações melhora a obtenção de dados e aumenta a resiliência →