Notícias

Datafolha: 91% apoia criação de mais parques nacionais, hoje frequentados pelos mais ricos 5y4y3u

Pesquisa nacional encomendada pela SOS Mata Atlântica aponta necessidade de democratização no o às áreas verdes; maioria quer ver mais ações dos governos contra a crise climática

Gabriel Tussini ·
29 de outubro de 2024

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha encomendada pela ONG SOS Mata Atlântica mostra que 91% dos brasileiros são favoráveis à criação de mais parques nacionais, unidades de conservação de proteção integral abertas à visitação pública. Os dados também apontam que, atualmente, nem todos têm tido o a esses equipamentos: enquanto apenas 36% das pessoas com renda familiar de até 2 salários mínimos visitam esses parques, o número chega a 63% dos que têm renda acima de 10 salários mínimos.

A pesquisa – lançada pela SOS Mata Atlântica no contexto da 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (CDB), a COP-16, que acontece em Cali, na Colômbia – foi realizada entre os dias 5 e 12 de setembro, com 2018 pessoas de idade superior a 16 anos em 113 municípios das 5 regiões do país. A amostra é representativa da população brasileira, segundo o Datafolha, e a margem de erro é de 2 pontos percentuais. Além dos 91% favoráveis à criação de mais parques nacionais, 6% disseram ser contrários e 3% não opinaram.

Em relação às áreas verdes urbanas em geral, como praças arborizadas e parques urbanos, o número de pessoas que afirma frequentá-las é maior: 74% dos entrevistados visita essas áreas com alguma frequência (de pelo menos uma vez ao ano, caso de 1% das pessoas, até os que visitam todos os dias, caso de 7%), contra 26% que nunca as visitam. No recorte por renda, porém, a desigualdade segue presente – 71% das pessoas com renda até 2 salários mínimos visitam essas áreas verdes, contra 91% das pessoas com renda acima de 10 salários mínimos.

No recorte regional, a pesquisa mostra que a região Nordeste é a com menor número de frequentadores, tanto de parques urbanos (65% dos entrevistados na região), quanto de parques nacionais (37%). Já o Sul é a região com maior percentual de visitantes de parques urbanos (80%), enquanto o Sudeste é a que tem mais visitantes de parques nacionais (46%). 

O hábito de visitar áreas verdes é mais comum nas cidades com mais de 500 mil habitantes, onde 80% dos entrevistados dizem frequentar essas áreas, enquanto o número cai para 69% nas cidades de até 50 mil habitantes. No recorte por gênero, as visitas são mais comuns entre homens (77%) do que entre mulheres (72%).

Para Diego Igawa Martinez, coordenador de projetos da SOS Mata Atlântica, os números mostram que, além do aumento no número de parques, também é necessário que eles não fiquem concentrados apenas nas áreas mais ricas e valorizadas das cidades. “Esses percentuais são uma evidência da importância das áreas verdes para a população urbana e da necessidade de ampliar seu o, especialmente nas periferias”, afirmou o biólogo. Ele destaca ainda a necessidade de equipamentos de lazer e cultura nessas áreas.

“Esses espaços podem tanto ampliar a qualidade de vida das pessoas como ajudar no combate às mudanças climáticas, reduzindo ilhas de calor e melhorando a qualidade do ar. São fundamentais para cidades mais sustentáveis e saudáveis”, frisou Diego. “E é algo que precisa ser uma prioridade, especialmente neste momento de mudança de gestão municipal”, completou.

Para Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, os municípios, especialmente, têm um papel central na preservação ambiental e no enfrentamento das mudanças climáticas, pois possuem a competência constitucional de definir o uso do solo e criar áreas verdes.

“Prefeituras e câmaras municipais podem promover cidades mais resilientes por meio da recuperação de rios, prevenção de ocupações irregulares e criação de espaços de lazer e preservação. Ao adotar políticas que priorizam a sustentabilidade, os municípios contribuem diretamente para a melhoria da qualidade de vida da população e ajudam o Brasil a alcançar suas metas climáticas, o que se alinha às discussões globais, como as da COP 16”, analisou.

Maioria vê ações insuficientes ou inexistentes contra a crise climática nas esferas municipal, estadual e federal 5t3f3

A pesquisa também mediu a avaliação das pessoas sobre as políticas públicas dos governos municipais, estaduais e federal em relação às mudanças climáticas. O governo federal é o único ente federativo onde a maior parte das pessoas (54%) diz ver algum tipo de ação sobre o tema. 

Entre essas pessoas, 7% diz que o governo do presidente Lula está fazendo mais do que deveria; 22% diz que faz o que deveria; e 25% diz que faz menos do que deveria. 39% diz que o governo federal não está fazendo nada, e 7% não opinou. 64% dos entrevistados, portanto, gostariam de ver mais ações federais contra as mudanças climáticas.

No nível estadual, 49% diz que o governo de seu estado está fazendo algo em relação à crise climática – mais do que deveria para 6%, exatamente o que deveria para 20% e menos do que deveria para 21%. 40% disse que o governo estadual não está fazendo nada, e 11% não opinou.

Já os governos municipais são os piores avaliados – o único ente federativo sobre o qual há mais pessoas que afirmam que seus governos não fazem nada (46%) do que pessoas que dizem que seus governos fazem alguma coisa (44%). Entre esse último grupo, 6% diz que o governo faz mais do que deveria, 20% diz que o governo faz o que deveria, e 18% diz que o governo faz menos do que deveria. 10% dos entrevistados não opinaram.

O recorte por idade mostra, por sua vez, que os mais jovens são os mais insatisfeitos com as ações dos governos em relação à crise climática, enquanto os mais velhos são os mais satisfeitos. 59% dos entrevistados com 60 anos ou mais avaliam que o governo federal está fazendo algo, contra 47% dos entrevistados entre 16 e 24 anos; 52% dos mais velhos acreditam que o governo estadual está fazendo algo, contra 42% dos mais jovens; e 49% dos mais velhos acreditam que o governo municipal está fazendo algo, contra apenas 37% dos mais jovens.

  • Gabriel Tussini 1u2w37

    Estudante de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), redator em ((o))eco e interessado em meio ambiente, política e no que não está nos holofotes ao redor do mundo.

Leia também 84q8

Reportagens
20 de setembro de 2024

Eleições 2024: os municípios que mais criaram áreas protegidas nos últimos 4 anos 151437

Rondonópolis, em Mato Grosso, lidera a lista dos municípios que mais criaram unidades de conservação, com 19 no total, seguida por Rio de Janeiro e São João da Barra, no estado do RJ

Notícias
9 de setembro de 2024

Mais da metade dos maiores municípios do país não possuem secretaria ambiental 3q5e6j

Levantamento do De Olho nos Ruralistas mostra que em 30% dos municípios gigantes o tema ambiental é tratado junto com agro, mineração e turismo

projeto-arvores-gigantes-da-amazonia-angelim-vermelho-a-maior-arvore-da-amazonia1b-foto-havita-rigamonti-imazon-ideflor
Salada Verde
7 de outubro de 2024

Pará cria novo parque estadual para proteger maior árvore do Brasil 64186f

Nova unidade deriva da Floresta Estadual do Paru, que teve porção recategorizada com o objetivo de proteção integral

Mais de ((o))eco 6q6w3q

ICS 3m682z

Notícias

Transição energética entra de forma discreta na terceira carta da Presidência da COP30 425t72

Salada Verde

Veja como votou cada senador no projeto que implode o licenciamento ambiental 224w5g

Reportagens

Brasil aposta na conciliação entre convenções da ONU para enfrentar crises globais 4q306r

Notícias

Cerrado perdeu 1.786 hectares de vegetação nativa por dia em 2024, mostra Mapbiomas 47294g

Fundação SOS Mata Atlântica 531br

Notícias

Eleições 2022 – Candidatos vão receber carta com propostas urgentes para meio ambiente 5n5s54

Salada Verde

Aniversário: SOS Mata Atlântica faz 34 anos 123mg

Notícias

Relatório aponta para má qualidade de água dos rios na Mata Atlântica 164tc

Salada Verde

SOS Mata Atlântica abre edital para projetos em áreas costeiras e marinhas 2j6h3x

conservação 4y3hz

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso 155t47

Notícias

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 3o3249

Notícias

Legalidade de megadesmates no Pantanal avança para julgamento no STJ 2o3q1t

Colunas

No jogo das apostas, quais influenciadores apostarão na Amazônia? 1a2m6g

unidades de conservação 5p295q

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 386zf

Colunas

Mercantilização e caos no licenciamento ambiental brasileiro 1o156g

Notícias

Com mudanças de última hora, projeto-bomba do Licenciamento é aprovado no Senado 4h5y5t

Salada Verde

Ação prende casal que capturou macaco-prego no Parque Nacional da Tijuca 6j353g

Deixe uma respostaCancelar resposta 4wh1i

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Comentários 2 5d6d45

  1. Roberto Costa Richard diz:

    Verdade, privatizando só para quem tem bom poder aquisitivo. O caso de Cambará do Sul/Parque do Itaimbezinho ilustra bem a falta de planejamento, para não dizer outras coisas. Como só se ama o que se conhece, fica mais difícil criar consciência ecológica.


  2. Carlos Alberto Vieira Filho diz:

    Quantas pessoas diferenciam parque nacional de outros tipos de área de preservação? Parques e reservas seriam a resposta para a preservação do meio ambiente? É isso que a pesquisa quer demonstrar? Falta análise, falta seriedade, falta responsabilidade