Notícias

Desmatamento aumenta 14% na Amazônia, maior taxa em 9 anos 106w2w

Foram derrubadas 7.900 km² de floresta entre agosto de 2017 e julho de 2018, aumento de 13,7% em relação ao período anterior, quando foram desmatadas 6947 km²

Daniele Bragança ·
23 de novembro de 2018 · 7 anos atrás
Ibama combate desmatamento ilegal na Terra Indígena Pirititi, Roraima. Foto: Felipe Werneck/Ibama.

Desde 2008 o desmatamento na Amazônia não era tão alto. Entre agosto de 2017 e julho de 2018, foram derrubadas 7.900 quilômetros quadrados de florestas na Amazônia brasileira, um território maior do que todo o Distrito Federal, que possui uma área de 5. 779 km². Os dados foram divulgados no final da tarde desta sexta-feira (23) pelos ministérios do Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia.

Os números ainda são preliminares. Os dados consolidados costumam ser publicados no meio do ano pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), responsável pelo monitoramento oficial da Amazônia. A margem de erro é inferior a 10%. Ou seja, não há diferença significativa entre o dado preliminar, sempre divulgado antes da COP do Clima, e o consolidado, divulgado no ano seguinte.

O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do INPE, consegue detectar desmatamento acima de 6,25 hectares. Nos estados do Pará (36%), Mato Grosso (22%), Rondônia (17%) e Amazonas (13%) foram registrados os valores mais elevados de desmatamento.

O ministério do Meio Ambiente afirmou que manteve o orçamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e intensificou as ações de fiscalização no período 2017/2018. Em nota, o ministério do Meio Ambiente apresentou o aumento no número de autuações do Ibama no período, de 6%. O órgão também aumentou o número de áreas embargadas (56%), de madeira apreendida (131%) e de equipamentos apreendidos (183%). Mesmo assim, o equivalente a cinco cidades de São Paulo foram derrubados em doze meses.

“O recrudescimento do crime organizado que atua no desmatamento ilegal da Amazônia, destruindo as riquezas naturais do país e causando danos para toda sociedade, está associado a outras práticas criminosas, como tráfico de armas e animais, trabalho escravo, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Além de intensificar as ações de fiscalização conforme o governo federal vem fazendo nos últimos anos, precisamos ampliar a mobilização de todos os níveis de governo, da sociedade e do setor produtivo no combate aos ilícitos ambientais e na defesa do desenvolvimento sustentável do bioma”, afirmou Edson Duarte, ministro do Meio Ambiente.

Histórico

Há 10 anos, 12.911 km² de florestas foram derrubadas na Amazônia brasileira. A partir disso  e até 2012, a taxa de desmatamento apresentou uma queda acentuada, marcando naquele ano a menor taxa da história, de 4.571 km². Em 2013, a taxa subiu. Desceu em 2014 e voltou a subir nos dois anos seguintes. Ano ado o governo ou vexame internacional e resolveu correr atrás do prejuízo. A intensificação das operações de fiscalização deu resultado e o desmatamento caiu 16%. Esse ano, o governo voltou a perder o controle do desmatamento.

Repercussão

Em nota, o WWF-Brasil afirmou que apesar dos esforços da fiscalização, o desmatamento continua sendo feito “por atividades ilegais, que segue impune na justiça brasileira”:

“Nesse sentido, o combate ao desmatamento ilegal deve ser a prioridade. Estamos destruindo o motivo de maior orgulho nacional. O combate à impunidade, que defenda o patrimônio do país, deve ser prioridade da Justiça do Brasil”.

Já o Greenpeace afirmou que Brasília é a principal responsável pelo aumento do desmatamento:

“É do centro do poder que emana o estímulo constante ao crime ambiental nos rincões da Amazônia. A bancada ruralista, com apoio de uma parcela do governo, vêm apresentando uma série de propostas que terão impacto direto na proteção das florestas, seus povos e do clima do planeta: Lei da Grilagem, flexibilização do licenciamento ambiental no Brasil, ataque aos direitos indígenas e quilombolas, adiamentos do Cadastro Ambiental Rural (CAR), tentativas de redução de áreas protegidas e paralisação das demarcações de Terras Indígenas, entre outras”.

O Observatório do Clima também lançou nota e segue na linha de creditar o aumento no desmatamento aos sinais que o governo deu para os desmatadores:

Ao longo do último ano, o Palácio do Planalto e governos estaduais fizeram uma série de acenos à bancada ruralista, como a anistia à grilagem de terras, assinada pelo Presidente da República em julho de 2017 (pouco antes de começar a contagem dos dados de 2018). Neste ano, de eleição, alguns Estados aram a cooperar menos com o Ibama na fiscalização, inclusive perdoando garimpeiros após um ataque a uma base do Ibama no Amazonas. A expectativa de anistia é o quanto basta para que as quadrilhas que atuam na extração de madeira e na grilagem de terras acelerarem a predação sobre a floresta, e foi isso o que se verificou.

 

Leia Também 

É oficial: desmatamento cai 16% na Amazônia

Desmatamento ilegal tem que ser colocado no colo do Moro, diz Syrkis

Período de eleições presidenciais favorece desmatamento da Amazônia

 

  • Daniele Bragança 5m5u64

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também 84q8

Análises
5 de setembro de 2016

Período de eleições presidenciais favorece desmatamento da Amazônia 522i4a

Estudo mostra que após a eleição de um presidente para o seu primeiro mandato cresce a área de floresta perdida. Efeito não vale para reeleições

Notícias
22 de novembro de 2018

Desmatamento ilegal tem que ser colocado no colo do Moro, diz Syrkis 6w4hy

Secretário-executivo do FBMC defendeu uma mudança de estratégia na política ambiental no 6º Seminário Nacional sobre Emissões de Gases de Efeito Estufa

Notícias
17 de outubro de 2017

É oficial: desmatamento cai 16% na Amazônia 2j1d47

Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, divulgou os dados em coletiva de imprensa e destacou trabalho da fiscalização na diminuição dos números

Mais de ((o))eco 6q6w3q

desmatamento 4y695i

Notícias

Iniciativa quer formar 1000 líderes pelo desmatamento zero no Brasil até 2030 55k4j

Reportagens

Como comunidades de fecho de pasto conservam o Cerrado no oeste baiano 4h422r

Notícias

Perda global de florestas atinge recorde em 2024, mostra estudo da WRI n6j56

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso 155t47

amazônia ia40

Notícias

Onda de apoio a Marina Silva após ataques sofridos no Senado une ministras, governadoras e sociedade civil 3h52q

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 386zf

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção 3y45o

Colunas

No jogo das apostas, quais influenciadores apostarão na Amazônia? 1a2m6g

prodes 2h2zv

Notícias

Ilegalidade atinge 75% do desmatamento registrado em Mato Grosso em 2024 6y1d5u

Notícias

Superando as previsões, desmatamento no Cerrado tem queda de 25,7% 229n

Notícias

Desmatamento na Amazônia diminui 22,3% e chega a 9 mil km², aponta INPE 4j2s54

Notícias

Pesquisadores do INPE temem paralisação de monitoramento do desmatamento 2n5r46

mudanças climáticas 1j5e1m

Colunas

Verão em Realengo  6i1i14

Salada Verde

Países do BRICS querem US$ 1,3 tri para financiar ações climáticas 1m2a3j

Salada Verde

Podcast investiga o que restou de Porto Alegre um ano após a enchente de 2024 2651j

Colunas

Por que os cristãos defendem o licenciamento ambiental 4o3a5d

Deixe uma respostaCancelar resposta 4wh1i

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Comentários 1 2p2l4m

  1. José diz: