Notícias

Em dez anos, mais de 70 mil Km² de solos foram degradados na Caatinga 623k1m

Cemaden e Inpe desenvolvem método para medir degradação do solo e os resultados indicam que em uma década, área equivalente à metade do Ceará foi devastada

Vandré Fonseca ·
5 de julho de 2018 · 7 anos atrás
A área de solos degradados na Caatinga entre 2007 e 2016, equivale a quase metade do estado do Ceará. Foto: Sistema de Alertas Precoce de Secas e Desertificação – SAP.

A área de solos degradados na Caatinga entre 2007 e 2016, equivale a quase metade do estado do Ceará. Em dez anos, ela se estendeu por mais de 70 mil Km2, segundo informações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

No estudo, a área considerada degradada foi aquela que permanece descoberta de vegetação com frequência o tempo suficiente para que os efeitos sofridos pelo solo sejam permanentes.

Para chegar ao resultado, pesquisadores liderados pelo hidrólogo Javier Tomasella, utilizaram imagens de satélite feitas ao longo de 17 anos, entre os anos 2000 e 2016, com resolução de 250 metros.

Essas imagens mostram a exposição do solo, devido à perda da vegetação, bem como o tempo em que esse solo permaneceu descoberto.

Os pesquisadores lembram no artigo que solos que am longos períodos de tempo descobertos, sem vegetação, estão sujeitos à erosão severa e podem ser usados como referência para conhecer o risco de desertificação das áreas.

A área estudada inclui todos os estados da região Nordeste, além do norte de Minas Gerais, do Espírito Santo, num total de quase 1,8 milhões de quilômetros quadrados, que incluem além de toda a Caatinga, áreas de cerrado e florestas.

A degradação verificada ao longo de dez anos se estendeu por aproximadamente 4% dessa área. A região de maior degradação está concentrada principalmente no interior dos estados da Bahia e Pernambuco, no semiárido nordestino.

A devastação avançou principalmente sobre pastagens e vegetação natural, relacionada segundo o próprio estudo pelo “intenso manejo que da terra que explora recursos naturais além da capacidade de resiliência do ecossistema”.

Os pesquisadores concluíram que, a partir da seca severa de 2011, a degradação dos solos no semiárido foi intensificada, segundo o estudo. A causa apontada pelos pesquisadores foi a seca daquele ano, que elevou o desmatamento para a produção de lenha e carvão vegetal, expondo uma maior área de solo.

De acordo com os responsáveis pelo estudo, o método de desenvolvimento vai permitir o monitoramento da região e pode ser usado para avaliar a degradação do solo em outros biomas, como já vem sendo feito no cerrado.

Os estudos foram financiados pelo Ministério do Meio Ambiente e Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e publicados no International Journal of Applied Earth Observations and Geoinformation.

Embora paisagens de vegetação natural possam ter aspecto semelhante ao de degradadas, devido às secas ou ações humanas, elas se recuperam com o retorno das chuvas.

 

Saiba Mais

Artigo: Desertification trends in the Northeast of Brazil over the period 2000–2016.

 

Leia Também

O Brasil tem que prestar mais atenção na Caatinga

O que é o bioma Caatinga

Governo de Pernambuco quer corte de 45 hectares de vegetação da caatinga

 

  • Vandré Fonseca vd27

    Jornalista especializado em Ciências e Meio Ambiente.

Leia também 84q8

Salada Verde
20 de junho de 2018

Governo de Pernambuco quer corte de 45 hectares de vegetação da caatinga 4y1l3y

Projeto de Lei tramita na Assembleia Legislativa de Pernambuco quer o desmate de área do bioma para a construção de barragem no município de São Bento do Una

Dicionário Ambiental
2 de setembro de 2014

O que é o bioma Caatinga 3r2i5f

O ((o))eco apresenta este pequeno guia, um primeiro o para você entender um pouco mais sobre o bioma que 11% do território brasileiro.

Análises
10 de setembro de 2014

O Brasil tem que prestar mais atenção na Caatinga 2m81n

Bioma de contrastes, guarda diferenças exuberantes entre a época de seca e de chuva, e uma variedade de espécies que ninguém imagina.

Mais de ((o))eco 6q6w3q

caatinga 1e6d24

Análises

Caatinga: o bioma quase esquecido que resiste com ciência, conservação e esperança l4h4o

Reportagens

Os dois macacos brasileiros entre os mais ameaçados do mundo 5l1w6v

Salada Verde

Projeto reúne Ministérios Públicos pela preservação da Caatinga 3v1a48

Notícias

Estudo reforça importância de proteger a Serra da Chapadinha, na Bahia t1l2q

estudo 674m3t

Reportagens

Pecuária: Estudo traz raio-x de boas práticas no campo 271a58

Notícias

Estudo contraria fala de Bolsonaro sobre fogo na Amazônia 2s5x15

Salada Verde

85% do desmatamento ocorrido em Mato Grosso é ilegal, diz ICV 1s5n1e

Salada Verde

Populações de animais em florestas diminuíram em mais da metade, diz estudo r5e5y

desertificação 6q1b4u

Notícias

Aridez avança e 3/4 do planeta ficaram mais secos nas últimas décadas, diz estudo da ONU 1l5h3g

Análises

Três COPs e uma solução: povos tradicionais precisam estar no centro do debate 2st5l

Análises

Solo conservado é condição para uma vida saudável 5n384s

Análises

Por onde anda a Convenção para Combate à Desertificação? 4t4q4z

oceanos 5b3867

Reportagens

O quão pouco já vimos das profundezas do mar 6e6p51

Salada Verde

APA Baleia Franca sob ataque: sociedade protesta contra tentativa de redução 4k2y6n

Notícias

Projeto quer reduzir APA da Baleia-Franca, em Santa Catarina v3z5v

Salada Verde

Trilha Transcarioca terá trecho oceânico até arquipélago das Cagarras 5a36r

Deixe uma respostaCancelar resposta 4wh1i

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.