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Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 3o3249

Incidência de animais da espécie, invasores nas águas do País, pode chegar a 60% das unidades de conservação marinhas até 2034

Vinicius Nunes ·
27 de maio de 2025

De cores deslumbrantes e espinhos amedrontadores, o peixe-leão (Pterois volitans) é uma espécie invasora em águas brasileiras que tem se mostrado um problema para os ecossistemas marinhos do país. E nem mesmo as áreas protegidas são capazes de deter a invasão biológica. Uma pesquisa recém-publicada traz o alerta: o peixe-leão já chegou a pelo menos 18 unidades de conservação – mas o número real pode ser ainda maior. E a estimativa é que esse número salte para 56 unidades de conservação nos próximos dez anos, o equivalente a mais da metade de todas as áreas protegidas marinhas do Brasil.

O estudo, liderado por pesquisadores brasileiros, foi publicado na revista Marine Environmental Research.  A pesquisa foi realizada de 2020 até 2024, e identificou a presença do peixe-leão desde a costa do Amapá até o sul da Bahia. 

Os cientistas avaliaram o potencial de distribuição do peixe-leão e estimaram seu impacto ecológico nos próximos dez anos. De acordo com modelos de dispersão e proliferação da espécie, estima-se que ela poderá chegar até o sudeste do País e alcançar até 60% das unidades de conservação marinha no Brasil em 2034.

Equilíbrio ameaçado 1a6x6n

Invasor no Brasil, a origem do peixe-leão está na região do Indo-Pacífico. A espécie colonizou águas caribenhas antes de invadir a costa brasileira. Atualmente, os dados mostram que ele se concentra no litoral das regiões Norte e Nordeste.

Conhecido por ser um predador voraz e de rápida distribuição, o peixe-leão representa um problema para o equilíbrio ecossistêmico e uma ameaça à biodiversidade dos oceanos brasileiros. Marcelo Soares, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e um dos autores do estudo, estima que o peixe-leão possa se alimentar de até 99 espécies diferentes de peixes nativos. Além do impacto ecológico, ele afeta a pesca artesanal, “causando prejuízos socioeconômicos”, destaca o pesquisador.

A pesquisa de Soares junto a oito cientistas avaliou os tipos de unidades de conservação (UCs) onde há registros de peixe-leão. Os resultados mostram que a espécie invadiu Áreas de Proteção Ambiental (APAs), reservas biológicas e parques nacionais. O desafio é agravado pela ausência de ações sistêmicas de abate e controle desse peixe invasor, e o fato de que a espécie não possui um predador por aqui. 

Atualmente, as UCs do arquipélago de Fernando de Noronha – um parque nacional e uma APA – são as únicas que realizam iniciativas para captura de peixe-leão com alguma periodicidade.

Ambiente propício à reprodução 3y4o5e

Soares afirma que a dispersão da espécie está mais acelerada no Brasil do que na sua invasão no Caribe. Com ampla oferta de alimento, os peixes-leão estão maiores e mais saudáveis – até mesmo se comparados aos de seu habitat de origem. Indivíduos desta espécie medem aproximadamente 38 cm, porém já foram registrados exemplares de 49 cm em Noronha. “A gente encontrou fêmeas reproduzindo muito cedo, colocando muitos ovos. E esses animais grandes [acima de 40 cm] são um sinal de que estão se alimentando muito bem. Estão à vontade aqui”, ele aponta.

Fatores como a salinidade e temperatura da água são determinantes para a proliferação do peixe-leão. Adaptado a temperaturas mais quentes, a espécie logo se apossou do litoral norte e nordeste. 

No Ceará, Soares ressalta que este invasor foi encontrado até mesmo em regiões de manguezais. Com seus espinhos venenosos, o peixe também coloca em risco aqueles que trabalham no mangue, a exemplo das marisqueiras, acrescenta o pesquisador. As toxinas presentes em seus espinhos podem resultar em arritmia cardíaca, náusea e febre.

  • Vinicius Nunes 474k5z

    Cientista Social pela FGV/DOC e estudante de Jornalismo na ESPM-Rio. Entusiasta da pauta ambiental, política e esportes.

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