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Financiamento coletivo ajuda na descoberta de duas espécies de peixes na Amazônia 666l1d

Duas novas espécies de cascudos foram coletadas na bacia do rio Tapajós, na Amazônia, durante expedição financiada com apoio de aquaristas

Vinicius Nunes ·
6 de maio de 2025

Uma iniciativa de financiamento coletivo realizada por aquaristas possibilitou a descoberta de duas espécies de peixes-cascudos na Amazônia brasileira. Os animais foram coletados em riachos  da bacia do rio Tapajós nos municípios de Jacareacanga e Maués, nos estados do Pará e Amazonas, respectivamente. Ao todo, a expedição registrou 13 espécies dessa família de peixes, das quais pelo menos cinco já foram confirmadas como novas para a ciência. 

Duas delas foram descritas recentemente pelos pesquisadores em artigo publicado em abril na revista Neotropical Ichthyology, com o aberto. Os cascudos foram batizados pela ciência de Hoplisoma noxium e Hoplisoma tenebrosum.

O estudo é assinado por cinco pesquisadores de três instituições de pesquisa brasileiras: a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

Conheça as novas espécies 5j4y71

Os peixes fazem parte da família dos Callichthyidae, que abrange os bagres e cascudos, com mais de 200 espécies distribuídas ao longo da América Central e do Sul.

Tanto o “cascudo-tenebroso” (H. tenebrosum) quanto o “cascudo-danoso” (H. noxium) apresentam cores semelhantes, onde manchas pretas e amarronzadas contrastam com tons mais claros ao longo do corpo, que mede cerca de 5 centímetros. A diferença mais visível entre os dois é o padrão de faixas escuras na lateral do corpo.

Outro destaque das espécies recém-descritas é a potência da toxina, bem mais forte que as dos outros peixes conhecidos do gênero.

O Hoplisoma tenebrosum ou “cascudo-tenebroso”, ganhou esse nome por causa da potência da sua toxina. Foto: Ingo Seidel/Divulgação

Segundo relatos dos “piabeiros” – ribeirinhos coletores de peixes ornamentais –, ser espetado por estes cascudos causa  um inchaço e vermelhidão no local, além de uma dor intensa. E se transportados em recintos junto com outros peixes, por exemplo, são capazes de matá-los com seu veneno.

Seus próprios nomes científicos vêm de palavras em latim associadas a prejuízo e medo (“noxa” significa dano, enquanto “tenebrae” vem de escuridão amedrontadora). 

Todos os indivíduos foram coletados na parte da noite, o que sugere uma atividade noturna dos animais. Essa teoria reforça a percepção de que sua coloração mais “apagada” pode ser uma adaptação  que os ajuda a se manterem discretos no ambiente durante o dia. 

Apesar da sua distribuição territorial restrita, o habitat de ambos os cascudinhos conta com um cinturão de áreas protegidas. Por isso, os pesquisadores sugerem que ambos sejam classificados como Pouco Preocupante, ou seja, não ameaçados de extinção, de acordo com os critérios da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN).

Universo aquarista 392166

Com os dois cascudinhos recém-descobertos, chega a oito o número de espécies do gênero Hoplisoma conhecidas pela ciência ao longo da bacia do rio Tapajós. Os pesquisadores destacam, entretanto, que há possivelmente outras dez supostas novas espécies do gênero já identificadas em aquários mundo afora, porém que nunca foram registradas em seu ambiente natural, tampouco formalmente descritas pela ciência.

A diversidade de peixes na bacia do Tapajós tem atraído a atenção e investimentos de aquaristas que, por meio de campanhas de financiamento coletivo, já apoiaram a realização de duas expedições científicas na região – a mais recente, em julho de 2023, que resultou nos dois cascudos recém-identificados.

A anterior, em 2019, já havia resultado na descrição de três espécies de cascudos, também do gênero Hoplisoma, dessa vez nas águas do rio Jamanxim, contribuinte do Tapajós.

“Para minha sorte, os peixes que eu estudo têm um apelo muito grande na aquariofilia mundial e a minha relação com esse público sempre foi muito benéfica e produtiva. Esta oportunidade ímpar me ajudou a realizar essas expedições mais longas e em locais distantes, o que aumenta consideravelmente seus custos”, explica o pesquisador da UFMT, Luiz Fernando Caserta Tencatt, um dos autores do artigo.

*Com informações da Agência Bori

  • Vinicius Nunes 474k5z

    Cientista Social pela FGV/DOC e estudante de Jornalismo na ESPM-Rio. Entusiasta da pauta ambiental, política e esportes.

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