Notícias

Garimpeiros invadem UC em Roraima atrás de fiscais do ICMBio; brigadistas foram mantidos reféns 3q5l4c

Armados e encapuzados, oito garimpeiros fizeram três brigadistas reféns, roubaram equipamentos apreendidos em operação de fiscalização e ameaçaram analistas ambientais

Daniele Bragança ·
1 de junho de 2021 · 4 anos atrás

Um grupo formado por oito garimpeiros invadiu, na tarde de segunda-feira (31), a Estação Ecológica de Maracá, localizada entre os municípios Alto Alegre e Amajari, no norte de Roraima, e fez três brigadistas reféns. Os criminosos estavam fortemente armados e foram à unidade atrás de ferramentas apreendidas durante uma operação de fiscalização no local, ocorrida há duas semanas. Segundo relato de servidores, os garimpeiros ameaçaram matar qualquer um que fosse fiscal do ICMBio, mas não havia nenhum na sede da unidade no momento da invasão. 

Houve o roubo de 05 quadriciclos, 08 motores de popa e outros materiais apreendidos e de patrimônio da unidade. A Estação Ecológica (Esec) de Maracá é a primeira Esec do país e foi criada em 1981. Abriga um arquipélago com mais de duzentas ilhas, entre elas, a ilha Maracá, a terceira maior ilha fluvial do Brasil, onde fica a sede. A unidade é vizinha da Terra Indígena Yanomami e as duas áreas estão separadas pelo rio Uraricoera. É na terra dos povos Yanomami, Ye’kwana e os Isolados da Serra da Estrutura, Isolados do Amajari, Isolados do Auaris/Fronteira, Isolados do Baixo Rio Cauaburis, Isolados Parawa u, Isolados Surucucu/Kataroa que os garimpeiros invadiram e fazem a extração ilegal de ouro. O garimpo ilegal é um problema antigo na região, mas escalou nos últimos dois anos, ao ponto de colocar a área indígena como a mais pressionada da Amazônia ano ado. Em 2020, a TI Yanomami registrou 72 ocorrências de desmatamento e um total de 4,4 quilômetros quadrados de área desmatada, de acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon.

A pressão sobre a Terra Indígena agora afeta a Estação Ecológica, afinal, para ar as áreas de garimpo, os criminosos am pela unidade de conservação. Volta e meia são alvos de operação de fiscalização ambiental, como a que ocorreu há duas semanas.

Área de garimpo na região de Waikás, Terra Yanomami, em dezembro de 2020. Foto: ISA

Antes de irem embora da sede, os garimpeiros afirmaram que estavam monitorando todos os servidores do ICMBio e que não poupariam ninguém caso encontrassem algum fiscal pelo caminho. Também ameaçaram colocar fogo nas viaturas do órgão ambiental. Os brigadistas foram obrigados a levar os materiais até a fronteira da unidade com a Terra Indígena. Ao serem libertados, correram para a mata. Antes, enviaram rádio para informar que estavam abandonando a base após as ameaças. 

Segundo ((o))eco apurou, há uma equipe de resgate indo buscar os três brigadistas – dois deles são indígenas –, que estão ilhados em um ponto da Estação Ecológica. O rio Uraricoera está ando por uma cheia e a região está alagada.  

Ao longo do dia, fiscais do ICMBio em toda região, principalmente as próximas de áreas de garimpo, relatam medo com o episódio. A maioria entende que a escalada das tensões torna praticamente impossível o cumprimento das obrigações institucionais do órgão, que já sofre com o menor orçamento desde sua criação e com inseguranças vindas de uma possível extinção do órgão

Com a palavra, o ICMBio 1e3fo

Procurado pela reportagem, o ICMBio declarou que “a Polícia Federal foi acionada e já está com investigação em andamento, contando com apoio integral do ICMBio e demais órgãos governamentais”.

  • Daniele Bragança 5m5u64

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também 84q8

Reportagens
22 de junho de 2020

Terra Indígena Yanomami é a área protegida mais pressionada da Amazônia 17284r

Dados são do boletim das áreas protegidas mais ameaçadas e pressionadas do Imazon, que analisa número de ocorrências de desmatamento dentro desses territórios

Notícias
6 de agosto de 2020

Defesa suspende operação contra garimpo em terras indígenas no Pará 1s6u4q

Fiscalização na Terra Indígena Munduruku, em Jacareacanga, foi suspensa “para avaliação”, justifica o Ministério da Defesa. Salles visitou a região ontem

Salada Verde
5 de agosto de 2020

Salles defendeu “ampliar debate” sobre mineração terras indígenas 5s1g34

Ministro sobrevoou área de garimpos e pousou em Jacareacanga, no Pará, onde se encontrou com garimpeiros e indígenas mundurukus, que pediram o fim das operações na região 

Mais de ((o))eco 6q6w3q

icmbio 6g5b6d

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção 3y45o

Notícias

Conheça os oito parques nacionais mais visitados em 2024 i3e6y

Reportagens

Superlotação de animais e más condições geram nova crise no Cetas-RJ 1v428

Salada Verde

Enquete mantém alta rejeição a rebaixamento da Serra do Itajaí de parque para floresta nacional 6x6124

garimpo ilegal 3d12l

Salada Verde

Garimpo já ocupa quase 14 mil hectares em Unidades de Conservação na Amazônia 3s4b6d

Notícias

Garimpeiros protestam contra operação da PF em Humaitá 3b3v71

Notícias

Todos os Yanomami pesquisados pela Fiocruz estão contaminados por mercúrio 352i1w

Salada Verde

Plenário do STF vai julgar ação que contesta tamanho de garimpos individuais no Pará 5h1o4v

amazônia ia40

Notícias

Onda de apoio a Marina Silva após ataques sofridos no Senado une ministras, governadoras e sociedade civil 3h52q

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 386zf

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção 3y45o

Colunas

No jogo das apostas, quais influenciadores apostarão na Amazônia? 1a2m6g

política ambiental 6v2p2j

Notícias

Onda de apoio a Marina Silva após ataques sofridos no Senado une ministras, governadoras e sociedade civil 3h52q

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso 155t47

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 386zf

Notícias

Transição energética entra de forma discreta na terceira carta da Presidência da COP30 425t72

Deixe uma respostaCancelar resposta 4wh1i

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Comentários 2 5d6d45

  1. Ryan xelles diz:

    Oque eles não sabiam e que em Roraima existe uma tal facção que muitos dizem que trabalham no garimpo também aí eles fizeram apreensões na terras deles e eles disseram que ia ter retaliações


  2. Paulo diz:

    Cadê as forças armadas para defender o Patrimônio Brasileiro.

    Se foram ao RJ, combater o tráfico, também devem combater o tráfico de minerais (ouro roubado ) pelos garimpos.

    Sempre assim, dois pesos e duas medidas.

    Políticos bagaçada.