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Guarda é morto no Parque Estadual Intervales, em São Paulo 6v2j62

Damião Cristino de Carvalho Junior era guarda patrimonial e levou um tiro na cabeça. Um guarda-parque foi baleado na perna, mas não corre risco

Daniele Bragança ·
3 de maio de 2020 · 5 anos atrás
Parque Estadual Intervales. Foto: Heloisa Vasconcellos/Wikiparques.

Uma operação de fiscalização dentro do Parque Estadual Intervales, em Sete Barras, na região do Vale do Ribeira, em São Paulo, terminou com um guarda patrimonial morto e um guarda-parque baleado. O tiroteio ocorreu na tarde de sexta (01). A equipe ou a noite na mata e foi resgatada na manhã seguinte (02). Um homem foi preso em flagrante, o resto do grupo conseguiu fugir. 

Os guardas-parques e patrimoniais participavam de uma operação, junto com a Polícia Militar Ambiental de São Paulo, de fiscalização rotineira. Durante a operação, iniciada na tarde de sexta-feira (01), foram surpreendidos com a presença de garimpeiros, que estavam armados. Houve tiroteio. 

Segundo o que está registrado no Boletim de Ocorrência, os policiais encontraram 4 homens na mata. Um foi detido e o restante do grupo conseguiu fugir. O tiroteio ocorreu quando os agentes tentavam alcançar o grupo. Damião Cristino de Carvalho Junior foi baleado na cabeça e não resistiu. Tinha 28 anos, era guarda patrimonial terceirizado e trabalhava lotado no Parque Estadual Intervales desde 2017. Um guarda-parque também foi baleado, na perna. Foi hospitalizado e já se está em casa, se recuperando. Com um guarda ferido, outro morto, os policiais ambientais pediram reforços, mas o resgate só pode ser concluído na manhã de sábado. 

O caso foi registrado como homicídio simples pela Delegacia de Sete Barras, onde é investigado.

A Fundação Florestal, que cuida da unidade de conservação, divulgou nota lamentando o ocorrido: “Nós nos solidarizamos com a dor da família e desejamos que o exemplo do nosso querido Damião guie as futuras gerações a construir um mundo melhor, com mais tolerância, mais amor e respeito ao próximo e à natureza”, disse a instituição, em nota.

ONGs ambientais que atuam na Mata Atlântica, como a Fundação SOS Mata Atlântica e o WWF-Brasil, publicaram nota conjunta sobre o ocorrido. “A proteção de Unidades de Conservação (UCs) como o PE Intervales depende principalmente de guarda-parques, profissionais preparados e capacitados para a execução dos programas de gestão dessas áreas. São o elo fundamental entre as políticas públicas e as comunidades locais nas áreas onde desempenham seu trabalho”, escreveram, em nota também assinada pelas ONGs Imaflora, Rede Pró-UC e TNC. “A gestão das UCs do Brasil tem sofrido com a redução de equipe e a precarização da infraestrutura dos sistemas de proteção ambiental. Isso acaba gerando uma pressão ainda maior sobre os guarda-parques e os serviços terceirizados de vigilância que estão à frente da proteção do patrimônio natural do Brasil”, escreveram.

O Parque Estadual Intervales abrange os municípios de Ribeirão Grande, Guapiara, Sete Barras, Eldorado e Iporanga, na região do Vale da Ribeira. Protege uma área de 42 mil hectares de Mata Atlântica ainda bem conservada. O garimpo ilegal é um problema relativamente recente na região. A principal ameaça ainda é a extração ilegal de palmito e a caça. 

*Atualizado às 18h15, do dia 03/05/2020, para incluir informações fornecidas pela Assessoria de Imprensa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. 

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  • Daniele Bragança 5m5u64

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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Comentários 3 2j4w2q

  1. Paulo diz:

    Vamos aguardar a prisão destes bandidos. Com a palavra a polícia militar e civil de São Paulo.


  2. Angela Kuczach diz:

    Muito triste e revoltante! Nosso país, que carrega o vergonhoso título da nação em que mais se mata ambientalistas no mundo, a cada dia tem se tornado mais e mais uma terra sem lei para quem defende a natureza. Inaceitável!!! Toda nossa solidariedade aos amigos da Fundação Florestal e aos familiares de Damião. Que esse crime não fique impune!


    1. Janaína diz:

      Nossa nação é a que mais mata de um modo geral, mas alguns não tem o peso do grupo, neste caso "ambientalista", aí entra só pra estatística mesmo…