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Tribunal de Justiça do RS desobriga companhia de isolar fios para evitar choques em bugios 48634p

Justiça decidiu que a concessionária CEEE Equatorial não precisa isolar cabos. Desde 2018, ao menos 56 bugios morreram eletrocutados no Rio Grande do Sul

Sílvia Marcuzzo ·
30 de maio de 2025

Apesar do aumento de mortes de bugios-ruivos (Alouatta guariba) nos últimos anos, em decisão unânime, a 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) desobrigou a CEEE Equatorial a isolar cabos de energia elétrica onde os animais transitam. O Ministério Público gaúcho vai recorrer da decisão. 

O TJRS cassou parte da liminar que determinava intervenção da companhia após cada choque elétrico sofrido pelos animais. A Promotoria do Meio Ambiente de Porto Alegre havia ajuizado ação civil pública em fevereiro do ano ado. A 3ª Vara Cível de Porto Alegre concedeu liminar um mês depois, obrigando a CEEE a criar um plano de prevenção que incluísse a poda da vegetação em contato com fios e isolamento de cabos elétricos e conectores.

“Antes da privatização era bem melhor o diálogo com a CEEE”, comenta a bióloga Márcia Jardim, integrante do Programa Macacos Urbanos (PMU). Para o PMU, é muito preocupante essa decisão, porque o isolamento dos cabos e conectores seria uma medida urgente, já que os fios desencapados representam um risco para o aumento das mortes.

Quadro com dados de óbitos de bugios
20184 choques3 óbitos
20192 choques0 óbitos
20209 choques5 óbitos
20218 choques3 óbitos
202217 choques9 óbitos
202319 choques11 óbitos
202424 choques16 óbitos
2025*15 choques9 óbitos
*Dados até 30/5/2025
Fonte: Programa Macacos Urbanos

No processo, a promotora Annelise Steigleder pede ainda indenização de R$ 1,55 milhão pelos 25 animais mortos e outros 15 feridos entre dezembro de 2021 e 16 de fevereiro de 2024. A CEEE recorreu ao TJ e na semana ada conseguiu reduzir os efeitos da decisão.

O voto do relator, desembargador Eduardo Delgado, define que a companhia fica obrigada apenas a podar as árvores no perímetro dos acidentes e arcar com os custos do tratamento veterinário caso o animal sobreviva à descarga elétrica. O tratamento de cada animal custa em média R$ 9 mil. Quando há necessidade de amputação e o bugio precisa ser mantido em cativeiro, o valor sobe para R$ 225 mil em 15 anos, tempo médio de vida da espécie. 

Em nota, a CEEE Equatorial afirma que a sua rede obedece a padrões normativos, “indo, em alguns trechos, além dos padrões estabelecidos”. E ressalta que “o assunto não pode ser integral e adequadamente tratado sem a participação direta do poder público constitucionalmente responsável pela proteção da fauna”.

Uma das 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo, o bugio-ruivo é comum de ser visto na Zona Sul de Porto Alegre, entre a Reserva Biológica do Lami e o Parque Estadual de Itapuã, em Viamão.

  • Sílvia Marcuzzo 291h5l

    Jornalista, facilitadora de grupos, consultora em comunicação, editora e produtora de conteúdos de publicações impressas e digitais.

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