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Velho Chico e seus infortúnios ambientais ganham vez no horário nobre 6k3

Novela, que terá pela primeira vez o rio São Francisco como cenário, promete tocar em assuntos como a polêmica da transposição.

Sabrina Barbosa ·
14 de março de 2016 · 9 anos atrás
As filmagens de "O Velho Chico não terão dificuldades em retratar a majestade deste rio. Fotos: Caiuá Franco/TV Globo
As filmagens de “O Velho Chico não terão dificuldades em retratar a majestade deste rio. Fotos: Caiuá Franco/TV Globo

A última grande obra na qual o Rio São Francisco foi uma espécie de cenário-personagem foi em “Grande Sertão Veredas”, do escritor mineiro João Guimarães Rosa. No livro, há um misto de amor, paixão e devoção pelo rio. O mítico e o geográfico se entrelaçam e o rio São Francisco é tratado como personagem que alicerça o enredo.

Sessenta anos depois das inquietações de Riobaldo e do seu amor por Diadorim, a Rede Globo de Televisão estreia no seu horário nobre das 21h, a novela “Velho Chico”. O “São Francisco” será, pela primeira vez, cenário de uma novela, e nos 9 meses em que estiver no ar, espera-se que haja um efeito positivo e um aumento do interesse da sociedade pela região.

“O Velho Chico” é uma história de amor, uma saga familiar que atravessa gerações. A novela é sobre o romance entre herdeiros de famílias rivais, que se entrelaça à trajetória de disputas por terras ao longo do rio São Francisco. A primeira parte da história se desenrola na década de 60, na fictícia Grotas do São Francisco, no nordeste brasileiro. O coronel Jacinto, interpretado por Tarcísio Meira, dono de quase todo o local, comanda a política, assim como a economia. Porém, como a sua ambição é infinita, ele quer tomar as terras do capitão Rosa, interpretado por Rodrigo Lombardi. Dono da fazenda Piatã, o capitão não cede à pressão do “todo-poderoso”, e a briga dos dois atravessa gerações, permanecendo até os dias atuais. Com o falecimento do coronel Jacinto, o seu filho, Afrânio (Rodrigo Santoro) assume o lugar do pai, dando continuidade à rivalidade entre as famílias.

Velho Chico
Chico Diaz que interpreta um sofrido retirante.
Velho Chico
A atriz Mariana Nery, como Leonor, que viverá um romance com Afrânio.
Velho Chico
Gravações e locações da novela.
Velho Chico
Gravações e locações da novela.

 

“As expectativas são grandes, pois a última novela que destacou um bioma no seu enredo foi “Pantanal”, um marco na teledramaturgia brasileira e apresentou para o Brasil o bioma pantaneiro com belíssimas imagens”

O personagem Afrânio (Rodrigo Santoro/Antônio Fagundes) tem dois filhos: Maria Tereza (Isabella Aguiar/Júlia Dalavia/Camila Pitanga) e Martin (Davi Caetano/Lee Taylor). Já moça, Maria Tereza acaba se apaixonando por Santo (Rogerinho Costa/Renato Góes/Domingos Montagner), filho dos retirantes Belmiro (Chico Diaz) e Piedade (Cyria Coentro), acolhidos pelo capitão Rosa como parte da família.

Essa parte da teledramaturgia parece ser a mais interessante, pois Afrânio, já envelhecido, vira o maior apoiador da transposição do rio São Francisco, entrando em conflito, até mesmo com os seus dois filhos contrários às suas ideias.

A novela será voltada para a porção do médio e do baixo rio São Francisco, uma área que abrange parte do Cerrado e da Caatinga brasileira. A primeira fase está sendo gravada nos seguintes locais: Alagoas, em Olho d’água do Casado, Piranhas e Povoado Caboclo. A locação do Rio Grande do Norte é em Baraúna e na Bahia, em Raso da Catarina, São Francisco do Conde e Cachoeira.

As expectativas são grandes, uma vez que a última novela que destacou um bioma no seu enredo foi “Pantanal” (1990), da extinta Rede Manchete, um marco na teledramaturgia brasileira e apresentou para o Brasil o bioma pantaneiro com belíssimas imagens.

Para realizar uma obra cujo cenário é um rio grandioso que atravessa 5 estados do Brasil, a emissora selou uma parceria inédita com a organização ambiental Conservação Internacional (CI-Brasil), que fará a colaboração técnica de conteúdo para a novela. “Por séculos foi graças ao rio São Francisco que a vida humana pôde prosperar às suas margens. Mas as atividades humanas ganharam escalas e proporções que nem o próprio velho Chico tem sido capaz de ar. A novela ‘Velho Chico’ vai transmitir mensagens que podem despertar a sociedade brasileira para a busca de um planeta mais saudável e capaz de nos prover os recursos que precisamos para viver. Está em nossas próprias mãos”, diz Rodrigo Medeiros, vice-presidente da CI-Brasil.

Rios morrem de sede

Desde o império se planeja desviar a foz do rio São Francisco da Bahia até o Rio Grande do Norte e mitigar o flagelo das secas que periodicamente assolam o sertão nordestino. A obra, polêmica, começou a sair do papel em 2007, vendida como a salvação de 12 milhões de pessoas atingidas pela seca. Após consumir 6,5 bilhões de reais do orçamento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), a obra ainda não aliviou a seca de ninguém. Ao contrário, o próprio São Francisco foi atingido em cheio por ela, na cabeceira do seu leito.

A nascente do São Francisco, localizada no município de São Roque de Minas, na região da Serra da Canastra, secou por dois meses em 2014. Maltratado ao longo de seu percurso e sofrendo com uma seca extrema na sua parte mais preservada, 2014 foi o ano em que os ambientalistas se perguntaram se o maior rio de ponta a ponta brasileiro poderia morrer de sede.

 
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