Reportagens

Maggi arrependido 413e43

Marina Silva e o governador de Mato Grosso firmaram seis compromissos para frear o desmatamento no estado. E o empresário Blairo garantiu: “Não desmato mais”.

Carolina Mourão ·
13 de julho de 2005 · 20 anos atrás

Depois de cinco horas trancada numa sala com o governador Blairo Maggi, a ministra Marina Silva anunciou nesta quarta-feira, 13 de julho, uma série de medidas que visam “frear” o desmatamento em Mato Grosso por pelo menos 1 ano. A começar já na semana que vem.

A reunião foi marcada assim que a Operação Curupira foi deflagrada, há mais de um mês, quando a Polícia Federal (PF) descobriu o esquema de desmatamento ilegal que resultou na derrubada de cerca de 2,5 milhões de metros cúbicos de madeira – o equivalente a 83 mil caminhões, em uma carga avaliada em quase 1 bilhão de reais. A PF prendeu 147 supostos integrantes da quadrilha e indiciou 90 acusados, entre eles vários funcionários do Ibama. O esquema acontecia nos estados do Mato Grosso, Pará e Rondônia.

A situação das florestas do Mato Grosso é tão grave que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) decidiu proibir por um ano qualquer desmatamento no estado que, sozinho, derrubou uma área equivalente ao Alagoas entre 2003 e 2004. A ação, antes apelidada de “moratória”, é agora chamada apenas de freio no desmatamento. Segundo João Paulo Capobianco, secretário de Biodiversidade de Florestas do MMA, moratória não é exatamente o termo, já que os manejos sustentáveis vão continuar. “Se o desmatamento for legal, pode. O que há de novo é que vai haver uma série de condições para que isso aconteça, entre elas, o recadastramento das madeireiras”, disse. “Sem o manejo não há como o povo da Amazônia sobreviver. Eles são o alicerce de uma Amazônia sustentável, de pé”, conclui.

Marina Silva anunciou a celebração do termo de Cooperação Técnica com Blairo Maggi com o objetivo de integrar as atividades entre a recém criada Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema) e o Ibama para a gestão compartilhada no estado. Também prometeu instituir uma força-tarefa para a criação de unidades de conservação, além de realizar ações integradas entre Ibama, Sema e Polícia Ambiental do Mato Grosso em áreas críticas. A ministra disse ainda que o convênio MMA-Sema e Ministério Público Estadual (MPE) vai ser firmado para aperfeiçoar e ampliar o Sistema de Licenciamento Ambiental da propriedade rural no estado e que esses três órgãos serão integrados ao Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), que vai ar a receber diretamente do Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (Inpe) os dados sobre indícios de desmatamento no Mato Grosso. Para fechar o balão, será criado um grupo de trabalho para a implantação de sistemas de rastreabilidade da produção agropecuária no Mato Grosso. Ou seja, o governo de Mato Grosso não vai ter mais como arrumar desculpas para justificar taxas tão altas de desflorestamento no estado.

Segundo o governador Blairo Maggi, dentro de 30 dias as informações sobre licenciamento do estado estarão disponíveis no site oficial do governo do Mato Grosso, que vai receber por meio de convênio cinco milhões de reais para ajudar na fiscalização. O contingenciamento para esta fiscalização, segundo a ministra, deve vir de novo concurso público, realizado recentemente, e de remanejamento de pessoal. Maggi disse que o Mato Grosso tem todo o interesse em reduzir o desmatamento. Quando perguntei se o empresário tem também o mesmo interesse, ele respondeu calmamente: “O empresário está tranqüilo. Blairo Maggi não desmata mais”, assegurou, aparentemente satisfeito em ter estourado sua cota ambiental.

  • Carolina Mourão 6a3r5j

Leia também 84q8

English
2 de junho de 2025

Protected areas along an Amazon highway in sight of land grabbing, deforestation and fire 6f4c67

Finishing the pavement of BR-319 in Brazil could unleash an environmental destruction capable of irreversibly changing the world's climate

Análises
2 de junho de 2025

Em boa hora 6b1t6

Aprovação da Lei do Mar pela Câmara de Deputados ganha relevância internacional após o reconhecimento da ampliação da Plataforma Continental na Margem Equatorial

Salada Verde
2 de junho de 2025

Países do BRICS querem US$ 1,3 tri para financiar ações climáticas 1m2a3j

Os recursos podem vir de reformas de bancos multilaterais, maiores financiamentos, capital privado e um fundo florestal

Mais de ((o))eco 6q6w3q

mata atlântica 234u64

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção 3y45o

Análises

A importância da rede de colaboração em prol da conservação dos manguezais no litoral norte do Paraná 11p46

Notícias

A alta diversidade de aves em Bertioga, no litoral de SP 4o4w5q

Salada Verde

Ação prende casal que capturou macaco-prego no Parque Nacional da Tijuca 6j353g

fauna 1xr1c

Notícias

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 3o3249

Colunas

Cientistas negras viram a Maré: protagonismo e resistência na ecologia, evolução e ciências marinhas 1l5y71

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção 3y45o

Notícias

A alta diversidade de aves em Bertioga, no litoral de SP 4o4w5q

ibama 606926

Reportagens

Superlotação de animais e más condições geram nova crise no Cetas-RJ 1v428

Salada Verde

Boiada e seus donos devem sair de áreas que destruíram no Pantanal h1y5h

Salada Verde

Assassinato de onça-pintada será investigado pela fiscalização federal 3l4w5s

Salada Verde

Processo contra Salles por contrabando de madeira volta ao STF y6b42

Caixa Postal 352x2y

Análises

Os oportunistas da notícia 152q3o

Análises

O MT Ilegal 14525b

Análises

Cadâ a pressa da licença ambiental? 6m2x2h

Análises

Biomas esquecidos 4z2q5k

Deixe uma respostaCancelar resposta 4wh1i

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.