Até o Paraguai anda nos dando lições em como proteger a floresta tropical. É o que diz o blog de meio ambiente da revista britânica The New Scientist. De acordo com o blog, a melhor notícia do início de 2007 foi a decisão do governo paraguaio de estender até o final de 2008 a sua lei de desmatamento zero. Aprovada em 2004, a lei proíbe o desmatamento na região oriental do Paraguai, mais conhecida dos brasileiros por ter como cidade mais importante a dinâmica a Ciudad del Este. Ali há Mata Atlântica com altos níveis de biodiversidade e de endemismo.
O WWF classifica a lei do desmatamento zero como um grande sucesso. De acordo com os levantamentos por satélite conduzidos pela ONG, o desmatamento no Alto Paraná caiu mais de 85% – de valores entre 88 e 170 mil hectares/ano para menos de 17 mil hectares anuais. Há quem duvide dos números. Falando ao jornal ABC em 2005, um dirigente do Serviço Florestal Nacional indicou que o desmatamento continuava, através de queimadas supostamente acidentais.
Os principais responsáveis pelo desmatamento são bastante familiares – gado e soja. Para o WWF, no entanto, o caso mostra que é possível ampliar a produção e a exportação do produto sem desmatar. O Paraguai tornou-se até estudo de caso no Fórum Global Sobre Soja Responsável, entidade que reúne a cadeia produtiva da soja e organizações que representam interesses sociais e ambientais ameaçados pela mesma. E o WWF ainda entregou a líderes do governo paraguaio o seu prêmio “Planeta Vivo”.
O Paraguai, país pequeno e economicamente fraco, é freqüente vítima de piadas do lado de cá da fronteira, mas no seu território se encontram ecossistemas importantes – e ameaçados. De acordo com o escritório da WWF naquele país, o Alto Paraná é importante pela sua biodiversidade e pelos serviços ambientais que proporciona – entre os quais o suprimento de água para as represas de Itaipu e Yaciretá. ONGs internacionais como a Nature Conservancy atuam ali, apoiando, entre outras iniciativas, a constituição de reservas privadas, previstas pela legislação paraguaia desde 1994.
Os ambientalistas paraguaios ficaram contentes com a prorrogação da lei, mas enxergam um enorme desafio para os próximos anos: recompor a floresta. Problemas parecidos com aqueles vividos pelo grande vizinho.
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