Reportagens

Balanço da busca global por anfíbios 345341

Expedição em busca de anfíbios desaparecidos chega ao fim com poucas redescobertas, um alerta para a rapidez das mudanças no planeta.

Redação ((o))eco ·
25 de fevereiro de 2011 · 14 anos atrás
Durante 5 meses a Conservação Internacional (CI) junto com o Grupo de Especialistas em Anfíbios da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN) procurou documentar o paradeiro e o status da sobrevivência das espécies de anfíbios ameaçadas de extinção, mas ainda com possibilidades de serem encontradas em alguns lugares remotos.

Conforme noticiado pelo OEco, o objetivo da expedição foi buscar cem espécies de anfíbios (entre sapos, salamandras, perereca e cecílias) que não eram vistos há pelo menos duas décadas. Depois de percorrer 21 países em 5 continentes e mobilizar 126 pesquisadores, a busca pelos sapos perdidos chega parcialmente ao fim, já que na Índia a iniciativa continuará até o fim do ano.

Foram reencontradas 15 espécies: 4 destas constavam na lista inicial e as outras 11 apesar de não estar na lista inicial também não eram vistas havia duas décadas. Três novas espécies ainda não documentadas foram encontradas na Colômbia. No Brasil, a rãzinha-das-pedras da Mata Atlântica Cycloramphus valae continua desaparecida, em compensação, após quase dez anos sem ser observado, o sapo Thoropi saxatilis foi reencontrado pela expedição brasileira.

Os números parecem modestos, mas servem como um aviso: os anfíbios são muito sensíveis aos desequilíbrios ambientais e seu desaparecimento é um alerta para a velocidade das mudanças, inclusive climáticas. 30% de espécies ameaçadas de extinção são anfíbios, o que os coloca no topo da lista como os vertebrados mais ameaçados do planeta.

Espécies redescobertas

No México: Salamandra de caverna Chiropterotriton mosaueri, vista pela última vez em 1941. ©Sean Rovit
No México: Salamandra de caverna Chiropterotriton mosaueri, vista pela última vez em 1941. ©Sean Rovit
Na Costa do Marfim: Rã marrom do Monte Nimba Hyperolius nimbae, vista pela última vez em 1967. ©Ngoran German Kouame
Na Costa do Marfim: Rã marrom do Monte Nimba Hyperolius nimbae, vista pela última vez em 1967. ©Ngoran German Kouame
Na República Democrática do Congo: Rã marrom de Omaniundu Hyperolius sankuruensis vista pela última vez em 1979. ©Kos Kielsgat
Na República Democrática do Congo: Rã marrom de Omaniundu Hyperolius sankuruensis vista pela última vez em 1979. ©Kos Kielsgat
No Equador:  Sapo do rio Pescado (Atelopus balios) é considerado como criticamente ameaçado de extinção, segundo a Lista Vermelha da UICN. Foi visto pela última vez em abril de 1995. ©Eduardo Toral-Contreras
No Equador: Sapo do rio Pescado (Atelopus balios) é considerado como criticamente ameaçado de extinção, segundo a Lista Vermelha da UICN. Foi visto pela última vez em abril de 1995. ©Eduardo Toral-Contreras

Campanha na Índia

Cinco espécies foram redescobertas como parte da campanha “Perdidos! Anfíbios da Índia”, coordenada pela Universidade de Delhi, pela Conservação Global da Vida Selvagem, pelo Museu de História Natural, A V College, Grupo de Especialista de Anfíbios e CI. Espera-se que a campanha continue até o final de 2011.

©SD Bijou
©SD Bijou

Sapo Raorchestes chalazodes, visto pela última vez em 1874. Esse sapo, de um impressionante verde fluorescente, possui coxas azuis-cinzentas e pupilas pretas com manchas douradas (traços extremamente incomuns entre anfíbios) tem uma vida reservada, possivelmente dentro dos bambus durante o dia. Considera-se que as espécies não têm um estágio de girino de nado livre, mas completam o desenvolvimento dentro do ovo. Redescoberto por Ganesan R, Seshadri KS e SD Biju. Está na lista da IUCN como Criticamente Ameaçada de Extinção.

©Anil/SD Bijou
©Anil/SD Bijou

Sapo Ramanella anamalaiensis redescoberto após 73 anos. Um sapo com boca estreita, cujo nome foi inspirado nas colinas Anamalai ao sul do Ghats Ocidental, onde foi descoberto (e visto pela última vez) em 1937. Tem pintas amarelas na parte superior e pintas brancas espalhadas na parte inferior. O exemplar original se perdeu e não houve nenhuma informação confirmada sobre a espécie até sua redescoberta por SP Vijayakumar, Anil Zachariah, David Raju, Sachin Rai e SD Biju. Durante as monções, o sapo canta alto nas áreas pantanosas, mas se esconde no resto do ano embaixo de pedras e troncos no chão da floresta ou em buracos nas árvores. Consta da lista da IUCN como deficiente em dados.

©SD Bijou
©SD Bijou

Sapo Amolops chakrataensis, conhecido apenas pela descrição original de um exemplar em 1985. É caracterizado por uma cor verde clara no dorso com minúsculos pontos escuros. O sapo parece ser raro e requer proteção do seu hábitat para garantir sua sobrevivência. Consta da lista da IUCN como deficiente em dados.

©SD Bijou
©SD Bijou

Sapo Micrixalus thampii, visto pela última vez há 30 anos e redescoberto em uma lata de lixo em Silent Vallery em uma expedição científica após o início da campanha LAI em Delhi. A equipe observou ainda vários outros indivíduos próximos a um riacho sob a liteira, em coberturas florestais fechadas na bacia do rio Kunthi. Consta da lista da IUCN como deficiente em dados.

©SD Bijou
©SD Bijou

Sapo Micrixalus elegans, conhecido apenas pela descrição original baseada em uma coleta de 1937. O exemplar original foi perdido e a espécie não havia mais sido detectada até sua redescoberta depois de 73 anos por KV Gururaja, KP Dinesh e SD Biju no leito de um riacho da floresta na área de coleta original. O sapo vive em riachos de florestas e canta na beira dos rios onde provavelmente procria. Consta da lista da IUCN como deficiente em dados.

Outras surpresas

No Haiti, seis espécies “perdidas” foram redescobertas. Elas não estavam na lista inicial das cem e foram encontradas durante as buscas pelas outras espécies. Não havia informações de que haviam sido vistas nas últimas duas décadas.

Sapo terrestre ventríloquo (Eleutherodactylus dolomedes) – visto pela última vez em 1991.
Sapo terrestre ventríloquo (Eleutherodactylus dolomedes) – visto pela última vez em 1991.
Sapo de Mozart (Eleutherodactylus amadeus) – visto pela última vez em 1991.
Sapo de Mozart (Eleutherodactylus amadeus) – visto pela última vez em 1991.
Sapo terrestre La Hotte (Eleutherodactylus glandulifer) – visto pela última vez em 1991.
Sapo terrestre La Hotte (Eleutherodactylus glandulifer) – visto pela última vez em 1991.
Sapo macaya do peito pintado (Eleutherodactylus thorectes) – visto pela última vez em 1991.
Sapo macaya do peito pintado (Eleutherodactylus thorectes) – visto pela última vez em 1991.
Sapo terrestre coroado (Eleutherodactylus corona) – visto pela última vez em 1991.
Sapo terrestre coroado (Eleutherodactylus corona) – visto pela última vez em 1991.
Sapo macaya escavador (Eleutherodactylus parapelates) – visto pela última vez em 1996.
Sapo macaya escavador (Eleutherodactylus parapelates) – visto pela última vez em 1996.

Novas descobertas

Na Colômbia, não foi redescoberta nenhuma espécie, mas três espécies possivelmente novas para a ciência foram documentadas (anunciadas em novembro de 2010).

Nova espécie de sapo– gênero Rhinella
Nova espécie de sapo– gênero Rhinella
Nova espécie de perereca – gênero indeterminado
Nova espécie de perereca – gênero indeterminado
Nova espécie de rã – gênero Silverstoneia
Nova espécie de rã – gênero Silverstoneia

Os 21 países visitados durante a expedição Busca pelos Sapos Perdidos foram África do Sul, Austrália, Brasil, Camarões, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Haiti, Índia e Indonésia, além de Costa do Marfim, Libéria, Malásia, México, República Democrática do Congo, Ruanda, Togo, Venezuela e Zimbábue. Mais informações podem ser encontrados no site www.conservation.org/lostfrogs. (Daniele Bragança)

Leia mais

Em busca de anfíbios “perdidos”

Sapos são redescobertos no Haiti

Sapos na Índia

  • Redação ((o))eco 43176a

Leia também 84q8

Salada Verde
30 de maio de 2025

Sociedade civil protesta contra PL que quer acabar com o licenciamento 6n1v2o

Mobilização ocorre em ao menos 12 capitais. Protestos estão marcados para ocorrer neste domingo e marcam o início da semana do meio ambiente

Salada Verde
30 de maio de 2025

Chance de aquecimento da Terra ultraar 1,5°C aumentou, mostra estudo 3263y

Países caminham para que a principal meta do Acordo de Paris seja descumprida. Chance de que o aquecimento fique entre 1,5ºC e 1,9ºC em pelo menos um dos próximo cinco anos é de 86%, diz ONU

Reportagens
30 de maio de 2025

Como comunidades de fecho de pasto conservam o Cerrado no oeste baiano 4h422r

Há 300 anos vivendo no bioma, modo de vida fecheiro envolve a criação de gado para subsistência e a proteção da vegetação nativa

Mais de ((o))eco 6q6w3q

espécies ameaçadas 671k1r

Colunas

Marketing não é capaz de reviver espécies extintas 6s3o4w

Colunas

Os Crocodilos Perdidos da Amazônia 4s4y4u

Notícias

Animais e madeiras confiscados em megaoperação mundial anti-tráfico 3g243

Colunas

Massacre e Renascimento na Ilha das Aves 486i7

conservação 4y3hz

Notícias

Tribunal de Justiça do RS desobriga companhia de isolar fios para evitar choques em bugios 48634p

Notícias

Perda global de florestas atinge recorde em 2024, mostra estudo da WRI n6j56

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso 155t47

Reportagens

Ajustes em trilha podem melhorar sua função de corredor ecológico no Cerrado 3w201a

anfíbios 3m112s

Notícias

Crise climática irá encolher o lar de anfíbios na América Latina 3m3pk

Análises

Cantadores (en)cantados 5e3s6

Reportagens

Até 2100, mais de 80% das espécies de anfíbios do Pantanal e entorno perderão áreas adequadas 6v5p12

Análises

Pequeninos sobreviventes: o Instituto Butantan e a missão de salvar o sapinho-da-restinga 6e2f3y

pesquisa 54495r

Reportagens

O quão pouco já vimos das profundezas do mar 6e6p51

Salada Verde

FUNBIO abre bolsas para financiar pesquisas de mestrandos e doutorandos 3s68j

Análises

Mudanças climáticas: do medo às atitudes conscientes 2a5y63

Notícias

9 em cada 10 brasileiros perceberam mudanças climáticas nos últimos anos, diz pesquisa 4g4l4r

Deixe uma respostaCancelar resposta 4wh1i

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.