
Já ouvimos falar por aí que, não fossem os animais, os homens morreriam de solidão de espírito. Cenas que se aproximam desta afirmação, neste momento, tem sido vistas por um grupo de 16 veterinários de São Paulo que, na segunda-feira desta semana, largou compromissos profissionais, família, amigos para ajudar os animais vítimas das chuvas na região serrana no Rio de Janeiro. “Cachorros são encontrados ao lado dos corpos de seus donos”, afirma Cintia Ghoraleb, que está em Nova Friburgo.
A equipe chegou depois de um dia e meio de viagem, devido às condições das estradas. Ela conta que a situação na cidade está caótica. “Vemos barrancos em vários lugares, andamos sempre de máscara por causa da poeira, o ar já não cheira mal como antes. A cidade tem ado da atmosfera de luto para a de reconstrução. Temos contado com apoio da defesa civil e dos bombeiros para resgatar os animais, muitas vezes encontrados no local onde moravam”. No entanto, o número de veterinários ainda não é suficiente e tampouco o material de que dispõem.
De acordo com ela, as ações de resgate aos animais contam com apoio da WSPA , organização que há 29 anos trabalha pelo bem-estar animal. “Depois desta experiência, cheguei à conclusão que não tenho problemas. Tem gente aqui que perdeu absolutamente tudo”.
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Atuando de longe
Enquanto Cintia foi para o Rio, uma de suas companheiras de trabalho, Fernanda Muniz Santiago, ficou em São Paulo para ajudar a arrecadar doações. “Precisamos de colchões, ração para cães e gatos, coleira, cobertor, bebedouro, comedouro, analgésicos (Tramal, com receita médica), anti-inflamatórios, antibióticos, antipulgas (Capstar), luva para procedimentos, gorro, máscara, água oxigenada, álcool”, afirma Fernanda.
Desde o começo desta semana, ela se prontificou a ar nas casas de pessoas que não têm condições de transportar o material e levá-lo diretamente ao Veterinários na Estrada , clínica que aceita doações para diversos tipos de animais (de pássaros a cavalos) e as transporta até o Rio. Fernanda já ou por sete casas. “Cuidar dos animais é importante por várias razões: acabam sendo instrumentos para encontrar novos corpos, estão precisando ser adotados por novos donos e isso também é uma questão de saúde pública”, diz.
De acordo com ela e com Cintia, um dos canis improvisados na cidade já tem 300 animais e ração para apenas três dias. Além de material, a equipe precisa de mais voluntários, veterinários ou não. “Quem não é médico pode ajudar na organização e na logística aqui, para que possamos trabalhar melhor”, diz Cintia. Quem quiser obter mais informações também entrar em contato com Fernanda, por meio do site www.fernandasantiago.vet.br (Karina Miotto)
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