
“Ninguém fez mais do que o Brasil na redução do desmatamento e, portanto, na diminuição de CO² jogado na atmosfera”, afirmou Daniel Nepstad, diretor-executivo do Earth Innovation Institute, em conversa na última terça-feira (12), antes do primeiro do segundo dia da 8ª Reunião Anual da Força Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF – Governors’ Climate and Forests Task Force), que terminou ontem (13/8), em Rio Branco, no Acre. A conversa girava em torno do papel do Brasil na redução de emissões de gases de efeito estufa.
“Os Estados Unidos prometeram reduzir as emissões em 2 bilhões de toneladas de CO² até 2013 através de restrições sobre a geração de energia, principalmente aquela advinda do carvão. O Brasil conseguiu, através da queda de desmatamento na Amazônia, ultraar esse número em 6 anos: reduziu 3,2 bilhões de toneladas no período. Todo mundo sabe que o Brasil é campeão de futebol, mas ninguém fala dessa conquista gigante, conseguir reduzir em 70% o desmatamento”, diz Nepstad.
O evento, que começou na segunda, é uma colaboração entre 22 estados e províncias do Brasil, Indonésia, México, Nigéria, Peru, Espanha e Estados Unidos. Os protagonistas não são os países, mas seus estados e políticas regionais. Entretanto, o êxito na redução do desmatamento no Brasil é um mantra repetido nos encontros internacionais da área ambiental, mesmo que o governo federal não esteja sequer representado.
Para Carlos Rittl, do Observatório do Clima, a política ambiental do Brasil se limitou a metas pontuais e a queda do desmatamento virou cortina de fumaça para não se avançar: “o problema é que a gente não tem um conjunto de políticas que sustentem tanto esse desmatamento a longo prazo como promovam uma economia de baixa emissão de carbono em setores como o Petróleo, Pecuária, Indústria e Resíduos”.
De acordo com Rittl, apesar da redução do desmatamento na Amazônia, o Brasil está longe de conseguir que a perda de florestas deixe de ser uma questão preocupante. “Um dos objetivos do Plano Nacional de Mudanças Climáticas lançado em 2008 era levar a zero o desmatamento líquido em todos os biomas até 2015, ou seja, ano que vem. O Brasil assumiu esse compromisso e não conseguirá cumprir”.
Se o aumento de 28% do desmatamento na Amazônia no ano ado fez soar o sinal amarelo, em outros biomas a perda de florestas sofre com a falta de um monitoramento anual contínuo que calcule a evolução das perdas. A Mata Atlântica é uma exceção e mesmo assim as perdas do bioma aumentaram nos últimos 2 anos.
Novos campeões
Ao se pensar apenas em emissão de gases de efeito estufa, o desmatamento deixou de ser a maior preocupação. No entanto, isto não significa que não se deve ficar de olho, explica Dande Tavares, diretor da Companhia de Desenvolvimento de Serviços Ambientais do Acre (CDSA).
“O setor energético tem crescido porque o Brasil começou a incentivar o uso do carvão e o setor industrial tem uma curva tendencial muito expressiva. A pecuária não fica atrás por causa da emissão de metano”, diz Tavares.
*Foto de Destaque: Buno Kelly/Amazônia Real.
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